Níver de Cora Rónai hoje. O Guardião dos Cadafalsos, que a adora, lhe envia muitos beijos, com desejos de felicidades todos os dias de sua vida.
31.7.03
29.7.03
Dia de ficar triste
Dia de ficar triste, hoje;
dia de desassossego e muxoxos
dia de tentar encher com a areia da nonchalance
a cratera que você acaba de abrir em minha testa
com meia-dúzia de palavras.
Ah, mas a vida do poeta é assim:
o eterno remoinho do amor perdido
dos afãs jogados às hienas
fecundando o pericárdio
e fazendo brotar novos versos
cheios de frescor e crueldade.
Aquele cujo amor é difuso como o jato do prisma
tem sob as melenas o sinal do sofrimento
e deve se quedar só,
à beira dos mares de ácido.
Dia de ficar triste, hoje;
dia de desassossego e muxoxos
dia de tentar encher com a areia da nonchalance
a cratera que você acaba de abrir em minha testa
com meia-dúzia de palavras.
Ah, mas a vida do poeta é assim:
o eterno remoinho do amor perdido
dos afãs jogados às hienas
fecundando o pericárdio
e fazendo brotar novos versos
cheios de frescor e crueldade.
Aquele cujo amor é difuso como o jato do prisma
tem sob as melenas o sinal do sofrimento
e deve se quedar só,
à beira dos mares de ácido.
28.7.03
Estou melhor, após um fim de semana recolhido em casa.
Quando estava escolhendo os filmes a que ia assistir, me deparei com um DVD de um show da Donna Summer para o VH1. Não resisti. E o show é sensacional, com aquele balanço inesquecível dos anos 70, uma década em que até o bate-estaca se fazia com classe, harmonia e melodia. No repertório, "McArthur Park", "I Feel Love", "Bad Girls", "Dim All The Lights", "She Works Hard For The Money" e "Last Dance".
Quando estava escolhendo os filmes a que ia assistir, me deparei com um DVD de um show da Donna Summer para o VH1. Não resisti. E o show é sensacional, com aquele balanço inesquecível dos anos 70, uma década em que até o bate-estaca se fazia com classe, harmonia e melodia. No repertório, "McArthur Park", "I Feel Love", "Bad Girls", "Dim All The Lights", "She Works Hard For The Money" e "Last Dance".
25.7.03
Ontem tive de voltar para casa mais cedo: fui vítima de terrível virose. Febre -- daquelas que dão ondas de arrepios na gente -- dores no corpo, garganta ardente, moleza geral. Fiquei na cama até anoitecer, acordei, jantei, dormi de novo. Acordei empapado de suor, felizmente sem febre. No fim de semana vou ver se me recupero mais.
23.7.03
Comprei ontem -- sabem aquelas compras compulsivas, sem titubear, em que a gente tira tudo que tem da carteira e dá na hora, porque é impossível resistir? -- o novo CD do superguitarrista de rua Sérgio Bap, um dos melhores guitarristas de blues que já ouvi na vida. Da primeira vez que o ouvi, estava na rua São José e fui arrastado até ele pelas invencíveis terças num solo genial. Ontem, passava pela Praça XV e eis que o homem estava lá. Não deu para resistir: comprei o volume 3 de sua coleção "Sentimental Blues". Já tenho o 1, agora só falta o 2. Mas isso não tardará ;-))
Deus, que país é esse onde um instrumentista como Bap fica tocando assim, na rua?
Deus, que país é esse onde um instrumentista como Bap fica tocando assim, na rua?
22.7.03
Mais Gide:
"Cada ação perfeita se acompanha de volúpia. É por onde reconheces que a devias ter feito. Não gosto nada dos que encaram como um mérito ter penosamente obrado, pois se era penoso teriam andado melhor fazendo outra coisa. A alegria que se encontra em ter agido é sinal da propriedade do trabalho."
(...)
"Não quero que me digas: vem, preparei-te tal ou qual alegria; não gosto mais senão das alegrias casuais, e as que minha voz faz que jorrem do rochedo. Escorrerão assim para nós, novas e fortes, como os vinhos fortes abundam no lagar."
"Cada ação perfeita se acompanha de volúpia. É por onde reconheces que a devias ter feito. Não gosto nada dos que encaram como um mérito ter penosamente obrado, pois se era penoso teriam andado melhor fazendo outra coisa. A alegria que se encontra em ter agido é sinal da propriedade do trabalho."
(...)
"Não quero que me digas: vem, preparei-te tal ou qual alegria; não gosto mais senão das alegrias casuais, e as que minha voz faz que jorrem do rochedo. Escorrerão assim para nós, novas e fortes, como os vinhos fortes abundam no lagar."
21.7.03
O homem cordato
Os escribas narram atos de sangue
um tanto chocados
como se de fato existisse
o homem cordato
quando tal ser
é primo dos unicórnios.
Esquecem
ou fingem que esquecem
que no cerne somos todos bárbaros
e mesmo o mais são da espécie
pode abraçar a loucura das turbas.
Mesmo o sexo é um embate
onde se alternam o domínio e a entrega;
e há batalhas renhidas
de divisões inteiras de poros arrebitados
nos campos acidentados dos lençóis.
Passar-se-ão milhares de anos
até que tais almas forjadas por sabres e cimitarras
sejam realmente esculpidas pelo Espírito.
Mas talvez, então,
já não sejamos mais os arrogantes sapiens.
Os escribas narram atos de sangue
um tanto chocados
como se de fato existisse
o homem cordato
quando tal ser
é primo dos unicórnios.
Esquecem
ou fingem que esquecem
que no cerne somos todos bárbaros
e mesmo o mais são da espécie
pode abraçar a loucura das turbas.
Mesmo o sexo é um embate
onde se alternam o domínio e a entrega;
e há batalhas renhidas
de divisões inteiras de poros arrebitados
nos campos acidentados dos lençóis.
Passar-se-ão milhares de anos
até que tais almas forjadas por sabres e cimitarras
sejam realmente esculpidas pelo Espírito.
Mas talvez, então,
já não sejamos mais os arrogantes sapiens.
18.7.03
Longe
Hora de ficar longe
e raciocinar -- o melhor antídoto
para seus olhos.
Porque se ficar perto
eu vou querer chupá-los
até a última gota de córnea.
Você expressa no papel roto
o sentimento inevitável
-- mas não tangível --
e eu derramo bits de tristeza.
Por isso é hora do eu distante;
hora de sentar à escrivaninha
e fazer cálculos estéreis
e pensar no que comer
e olhar desenhos animados.
Hora de ficar longe
e raciocinar -- o melhor antídoto
para seus olhos.
Porque se ficar perto
eu vou querer chupá-los
até a última gota de córnea.
Você expressa no papel roto
o sentimento inevitável
-- mas não tangível --
e eu derramo bits de tristeza.
Por isso é hora do eu distante;
hora de sentar à escrivaninha
e fazer cálculos estéreis
e pensar no que comer
e olhar desenhos animados.
15.7.03
Niver da Maryzinha Fabriani hoje. Parabéns, querida. É sempre um deleite visitar sua página. Beijos do Guardião.
14.7.03
Fala, moçada. Voltei. Dei uma relaxada básica nas férias, resolvi alguns contratempos (infelizmente, férias também servem para isso) e mandei fazer uns óculos novos para blogar melhor aqui.
E vamos logo poetar, que é hora:
Saiba
O amor por você subiu no meu sangue
como um licor doce-amargo
e eu expulsei a vergonha
de meus lábios apertados:
pedi, implorei, gritei pelo seu beijo
-- não qualquer beijo,
mas Aquele que dissesse tudo
que nutrisse a tempestade
que eletrificasse o tato
que inundasse sua boca de poesia
como você veste minha alma friorenta
com suas palavras recheadas
da mais bela loucura
do mais puro desvario.
Ah! e você teve medo.
Perdoe.
Mea culpa, mea culpa.
Não posso esperar que me acompanhem
everest acima
ou vesúvio abaixo
sem uma grossa corda de cânhamo.
Mas saiba disto:
você me perturba
e invade meus sonhos
e me faz tremer de desejo.
E vamos logo poetar, que é hora:
Saiba
O amor por você subiu no meu sangue
como um licor doce-amargo
e eu expulsei a vergonha
de meus lábios apertados:
pedi, implorei, gritei pelo seu beijo
-- não qualquer beijo,
mas Aquele que dissesse tudo
que nutrisse a tempestade
que eletrificasse o tato
que inundasse sua boca de poesia
como você veste minha alma friorenta
com suas palavras recheadas
da mais bela loucura
do mais puro desvario.
Ah! e você teve medo.
Perdoe.
Mea culpa, mea culpa.
Não posso esperar que me acompanhem
everest acima
ou vesúvio abaixo
sem uma grossa corda de cânhamo.
Mas saiba disto:
você me perturba
e invade meus sonhos
e me faz tremer de desejo.