6.8.02

Dois trechos extraídos do Márcio Moreira Alves, semana passada:

I

"(...) Em dezembro de 1998, publiquei uma coluna comparando a equipe econômica de Fernando Henrique com a dos últimos anos de Porfírio Diaz no México, de 1883 a 1910. Chefiada por José Yves Limantour, seus membros eram chamados de los científicos. T.R. Fehrenbach, autor da clássica história do México, "A ferro e fogo", analisa essa equipe econômica. Escreve:

"Os homens que cercavam Limantour eram finamente educados, razoavelmente cultos, capazes e patrióticos. Não eram vendidos e nem todos eram cínicos. Representavam a continuidade da tradição do mundo hispânico: homens que procuravam manter a estabilidade enquanto refaziam um mundo intolerável. Pensavam que refaziam esse mundo racionalmente. Acreditavam que aplicavam ao México os princípios então dominantes nas ciências sociais. Buscavam construir uma nação ocidental moderna através do capitalismo e no início o capital só poderia ser estrangeiro. Os científicos eram, de certa forma, verdadeiros cientistas, porque ignoravam o fator humano. Não viam um perigo real nas paixões e frustrações da gente comum. Como elite, rejeitavam a idéia de que mudanças podem vir de baixo. Os científicos podiam ser patriotas, mas eram, sobretudo, pessoas sem raízes. A sua cultura e os seus ideais vinham do exterior, para onde mandavam seus filhos para serem educados".

No fim do período, os estrangeiros controlavam 80% da economia mexicana e milhões de índios haviam sido expulsos de suas terras. O resultado foi a Revolução Mexicana.

Se alguém conhecer comparação mais exata, estou aberto a sugestões." (2/8/2002)

II

"(...) Muitas vezes tenho repetido a lição evangélica de que é pelos frutos que se conhecem as árvores. É pelos frutos de sua ação que asseguro ser esta equipe econômica a mais incompetente que o Brasil já teve nos 113 anos de história republicana. O presidente Fernando Henrique, de quem teremos saudades por vários outros aspectos de seu governo, perdeu o seu lugar entre os bons presidentes do Brasil ao avalizar as políticas de seus economistas. E deixará uma herança terrível." (1/8/2002)

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