Moçada, estou de volta. Descansei para valer, desta vez, e me desliguei do real (mesmo lendo os jornais diariamente). Estava com saudade daqui.
Logo haverá poemas novos na área. Enquanto isso, mais um da arca:
Reencontro
Vinte anos entre nós
E você ainda me faz estremecer
Minha aura, se é que ela existe,
torna-se palpável à minha volta
e acaricia seus cabelos, enternecida,
enquanto seus dedos perfeitos
emolduram, distraídos, a xícara.
Entre a fumaça preguiçosa do café
Seu sorriso de menina espreita
e eu tenho vontade de chorar
pelo nosso amor perdido
que jamais aconteceu.
Se o tempo nos pregou peças? Certamente,
Mas os cacos de sua vida
estão maravilhosamente alinhados e refeitos
Enquanto os meus espetam
como minha barba por fazer, minhas paixões por aparar
e minhas unhas (garras?) que corto antes
que as enterre nos próprios olhos, nas manhãs
em que a realidade teima por lançar
seus raios-tratores sobre meu catre.
Felizmente, você expulsa minha névoa mental
com seu riso inquebrantável
e, olhos para o céu, ergo minha xícara
e me pergunto,
intrigado e acompanhando sua alegria,
quando é que minha alma vai aprender
que não é pecado estar feliz.
Perdoe, assim, meu amor insistente:
ele não pode morrer
enquanto estiver a tomar café
com a Vida e o Sonho combinados
naquela manhã de retorno perene.
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