Moçada, vou estrear uma coluna no Info Etc da próxima segunda. Só queria
avisá-los, vai ser uma nova fase para mim. A coluna será mensal.
28.4.06
26.4.06
A essa altura muita gente já sabe, porque a Cora, muito gentil, pôs uma nota lá no blog dela. Meu pai, Amaury Machado, faleceu no momento em que eu escrevia as últimas linhas da matéria de capa do novo "Info etc", que estreou segunda-feira.
Ele partiu em paz, nos braços de minha irmã (que é médica), em casa. Deu sorte: não precisou de hospital, e nisso houve justiça, já que como pneumologista ele passou a vida inteira em hospitais. Nós, que ficamos, temos que nos acostumar com a dor.
A vida inteira meu pai optou por tratar gente humilde. Embora tenha chegado a ser presidente da Associação Fluminense de Pneumologia, nunca quis abrir consultório e trabalhou a vida toda em hospitais públicos. Para mim e muitos de meus amigos de infância, era uma figura inesquecível, que nas festas contava histórias e, como o bom carioca de Jacarepaguá que era, se revelava um invencível gozador, apreciador de um bom chope gelado.
Devo a ele ter-me formado em jornalismo -- por pouco não larguei a faculdade para me dedicar à música, meu sonho rock and roll de meus vinte anos. Seus conselhos prudentes me levaram a concluir os estudos e abraçar a vida da redação.
De minha mais recente viagem ao exterior, trouxe-lhe um boné transado da próxima Copa do Mundo (ele era Fluminense doente e amava o futebol) mas com meus freqüentes compromissos o presente acabou ficando lá em casa, não consegui entregá-lo. Hoje olho para aquele boné azul e me dá a maior tristeza.
Ele e minha mãe viveram 48 anos juntos. Eram desses casais que faziam tudo juntos. Moravam há 34 anos no mesmo endereço, onde vivi dos 9 aos 24 anos. Os vizinhos estão desolados.
Em 1994 ele teve um sério derrame e todos ficamos esperando o pior. Mas se recuperou e viveu mais 12 anos. Já achávamos que seria capaz de superar tudo. Mas era apenas humano, demasiado humano. Como todos nós.
Pai, eu espero que vocë esteja no maior churrasco no céu, com muito chope e os craques históricos do Flu à sua volta, bem como os companheiros médicos que o antecederam na viagem. Fique na boa e aproveite. Eternamente, se der.
Ele partiu em paz, nos braços de minha irmã (que é médica), em casa. Deu sorte: não precisou de hospital, e nisso houve justiça, já que como pneumologista ele passou a vida inteira em hospitais. Nós, que ficamos, temos que nos acostumar com a dor.
A vida inteira meu pai optou por tratar gente humilde. Embora tenha chegado a ser presidente da Associação Fluminense de Pneumologia, nunca quis abrir consultório e trabalhou a vida toda em hospitais públicos. Para mim e muitos de meus amigos de infância, era uma figura inesquecível, que nas festas contava histórias e, como o bom carioca de Jacarepaguá que era, se revelava um invencível gozador, apreciador de um bom chope gelado.
Devo a ele ter-me formado em jornalismo -- por pouco não larguei a faculdade para me dedicar à música, meu sonho rock and roll de meus vinte anos. Seus conselhos prudentes me levaram a concluir os estudos e abraçar a vida da redação.
De minha mais recente viagem ao exterior, trouxe-lhe um boné transado da próxima Copa do Mundo (ele era Fluminense doente e amava o futebol) mas com meus freqüentes compromissos o presente acabou ficando lá em casa, não consegui entregá-lo. Hoje olho para aquele boné azul e me dá a maior tristeza.
Ele e minha mãe viveram 48 anos juntos. Eram desses casais que faziam tudo juntos. Moravam há 34 anos no mesmo endereço, onde vivi dos 9 aos 24 anos. Os vizinhos estão desolados.
Em 1994 ele teve um sério derrame e todos ficamos esperando o pior. Mas se recuperou e viveu mais 12 anos. Já achávamos que seria capaz de superar tudo. Mas era apenas humano, demasiado humano. Como todos nós.
Pai, eu espero que vocë esteja no maior churrasco no céu, com muito chope e os craques históricos do Flu à sua volta, bem como os companheiros médicos que o antecederam na viagem. Fique na boa e aproveite. Eternamente, se der.
17.4.06
Eu e minhas filhas fizemos sessão dupla na sexta: vimos "A era do gelo 2" e "Selvagem". Este é um dos meus programas favoritos: ir ao cinema ver desenhos com elas. Rimos às pampas. "A era do gelo 2" é o melhor dos dois, sem sombra de dúvida. Aquele esquilo atrás da avelã é o melhor personagem de desenho animado criado nos últimos anos. É muito divertido. O final, então, é apoteótico. Imperdível.
"Selvagem" tem a seu favor o coala, os crocodilos do esgoto (hilários, pena que só aparecem numa cena) e os gnus fanatizados fazendo coreografias. O coala é uma figuraça, parece que está sempre de porre.
"Selvagem" tem a seu favor o coala, os crocodilos do esgoto (hilários, pena que só aparecem numa cena) e os gnus fanatizados fazendo coreografias. O coala é uma figuraça, parece que está sempre de porre.
13.4.06
7.4.06
Oh! Eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
(Castro Alves, "Mocidade e morte")
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
(Castro Alves, "Mocidade e morte")
6.4.06
Do Sindicato dos Jornalistas do Rio:
"Atenção jornalista do Rio de Janeiro! Se você acha que, pela seriedade do seu trabalho, merece um reajuste de 5,7% este ano (IPCA); pelo crescimento de 14% do faturamento com publicidade em 2005, você merece aumento real de 2%; pela importância da imprensa carioca, um piso inferior a R$ 1,5 mil é vergonhoso; os jornalistas precisam de reciclagem profissional; os jornalistas são expostos a um excessivo risco de vida na cobertura da guerra carioca; as empresas devem cumprir as leis e pagar impostos, como os trabalhadores; e o jornalismo se deteriora quando a imprensa desrespeita a ética e o profissionalismo, junte-se ao movimento em defesa do jornalismo de qualidade. Nesta sexta-feira, 7/4, Dia do Jornalista, use ROUPA BRANCA para dizer que o jornalismo do futuro pode ser melhor."
Eu usarei pelo menos uma camisa branca, mas acho que o reajuste tinha que ser de uns 10% para começar a ficar decente.
"Atenção jornalista do Rio de Janeiro! Se você acha que, pela seriedade do seu trabalho, merece um reajuste de 5,7% este ano (IPCA); pelo crescimento de 14% do faturamento com publicidade em 2005, você merece aumento real de 2%; pela importância da imprensa carioca, um piso inferior a R$ 1,5 mil é vergonhoso; os jornalistas precisam de reciclagem profissional; os jornalistas são expostos a um excessivo risco de vida na cobertura da guerra carioca; as empresas devem cumprir as leis e pagar impostos, como os trabalhadores; e o jornalismo se deteriora quando a imprensa desrespeita a ética e o profissionalismo, junte-se ao movimento em defesa do jornalismo de qualidade. Nesta sexta-feira, 7/4, Dia do Jornalista, use ROUPA BRANCA para dizer que o jornalismo do futuro pode ser melhor."
Eu usarei pelo menos uma camisa branca, mas acho que o reajuste tinha que ser de uns 10% para começar a ficar decente.
4.4.06
A coluna de Martha Medeiros no último domingo é um tiro certeiro. As vezes em que mais sofri em minha vida foi quando decidi abrir meus sentimentos, sem firulas, para quem eu gostava. E descobri, como ela bem aponta, que as pessoas não gostam de ouvir o que sentimos. Abrir o coração é considerado coisa de fracos. Muitas vezes fui gozado por amigos por causa disso; muitas vezes mulheres que amei me legaram seu silêncio (e não há nada mais terrível do que o silêncio da pessoa amada, especialmente quando ele é acompanhado de táticas para evitar você).
Há pessoas muito esclarecidas que dizem não gostar de "jogar" no amor, mas que diante de um sentimento aberto jogam como se nunca tivessem feito outra coisa na vida. Não há nada mais entristecedor.
O problema é que quando dizemos "eu te amo" queremos ser amados em resposta automaticamente, ficamos aflitos e perdemos o controle; é como se as palavaras fossem uma conjuração, um feitiço, uma fórmula mágica. É preciso ser capaz de amar sem cobrar, e deixar que o outro busque sua felicidade (ou seu prazer, diria Wilde) da melhor maneira. Quando você abre seu coração e não recebe resposta, se sente automaticamente desprezado -- mas também pode ser que o outro não tenha segurado a onda do sentimento e prefira, simplesmente, a fuga. Em todo caso, se dissemos tudo, é porque achávamos que a pessoa amada seguraria essa onda -- e corresponderia. Quando o retorno não vem, só resta agüentar a mais terrível sensação de solidão que há.
Apesar de todos os murros em ponta de faca, eu não me tornei um ser ressentido. Pelo menos acho que não. Não sei viver sem deixar minha alma se expressar livremente.
E sempre tenho a poesia, que é minha verdadeira amiga e amante. Ela não fica em silêncio, ela conversa comigo -- e é um bálsamo mesmo quando suas palavras se mostram cruéis.
Há pessoas muito esclarecidas que dizem não gostar de "jogar" no amor, mas que diante de um sentimento aberto jogam como se nunca tivessem feito outra coisa na vida. Não há nada mais entristecedor.
O problema é que quando dizemos "eu te amo" queremos ser amados em resposta automaticamente, ficamos aflitos e perdemos o controle; é como se as palavaras fossem uma conjuração, um feitiço, uma fórmula mágica. É preciso ser capaz de amar sem cobrar, e deixar que o outro busque sua felicidade (ou seu prazer, diria Wilde) da melhor maneira. Quando você abre seu coração e não recebe resposta, se sente automaticamente desprezado -- mas também pode ser que o outro não tenha segurado a onda do sentimento e prefira, simplesmente, a fuga. Em todo caso, se dissemos tudo, é porque achávamos que a pessoa amada seguraria essa onda -- e corresponderia. Quando o retorno não vem, só resta agüentar a mais terrível sensação de solidão que há.
Apesar de todos os murros em ponta de faca, eu não me tornei um ser ressentido. Pelo menos acho que não. Não sei viver sem deixar minha alma se expressar livremente.
E sempre tenho a poesia, que é minha verdadeira amiga e amante. Ela não fica em silêncio, ela conversa comigo -- e é um bálsamo mesmo quando suas palavras se mostram cruéis.