6.11.06

Minha coluna mais recente no Info Etc:

16-10-2006

"ATENDIMENTO NOTA DEZ

André Machado

Toca o telefone na casa do dr. R. Sua mulher atende ao passar pela sala.
- Bom dia. Estou falando com a residência do dr. R.?
- Sim.
- A senhora é a esposa?
- Sim.
- Aqui é a administradora do cartão de crédito X, senhora. Está constando nos nossos computadores que o dr. R. tem uma dívida com o cartão no valor de R$***. Nós gostaríamos de estar lhe oferecendo um parcelamento que ele poderia estar pagando...
- O dr. R. não está interessado em parcelamentos de qualquer espécie.
- Como...?
- Ele não "vai estar quitando" esta dívida.
- Mas, senhora... a dívida a que estou me referindo é antiga... o nome dele já está constando no SPC e no Serasa...
- Ele não liga a mínima para Serasa ou SPC.
- Senhora, mas se ele não pagar a dívida não estará mais entrando em condições de estar fazendo compras a crédito.
- Ele não "vai estar pensando" tão cedo em "estar fazendo" compras a crédito, moça - responde a esposa, sibilando de raiva.
- Senhora... por gentileza... a senhora poderia estar passando o telefone para o dr. R.?
- Não poderia, não. Ele não está no momento.
- Então como eu poderia estar fazendo para estar contactando-o?
- Olha, minha filha, talvez você queira "estar procurando" um centro espírita. O dr. R. já "está se deitando" num túmulo há mais de dez anos.

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Na loja da operadora de telefonia celular, a dra. S. entra explicando que precisa falar com uma atendente. Pacientemente, pega uma senha e espera na fila. Ao ser chamada - quase uma hora depois - para a mesa da atendente, vai direto ao assunto.
- Quero cancelar este telefone celular de meu pai - começa.
- Sinto muito, senhora, mas não vou poder estar procedendo ao cancelamento do celular - responde a atendente, muito solícita. - É preciso que o titular da compra esteja vindo aqui e providenciando o cancelamento ele mesmo.
- Mas, moça, neste caso isso será impossível. O titular não pode comparecer à loja. Você compreende, ele faleceu há dois dias.
- Senhora, me desculpe, mas não é possível estar cancelando... só mesmo com o titular.
- Você está vendo este papel aqui? - devolve a dra. S., tirando um documento da bolsa. - É o atestado de óbito original de meu pai. Ele está MORTO. Como pode comparecer a esta loja?
- Lamento, só estaremos podendo proceder ao cancelamento do celular com a presença do titular... A senhora não gostaria de estar passando o celular para o seu nome, ou outro membro da família?
- Ah, para isso podemos dispensar a presença do titular, né, minha filha? Muito bonito. Pra comprar, pode tudo, pra cancelar, só na filial do inferno.
- Mas minha senhora... certamente que alguém da família...
- Não quero um novo celular. Nem meu marido. E nossa filha só tem um ano de idade. E meu celular é de outra operadora, graças a Deus... Não, eu só quero cancelar o celular de uma pessoa que já morreu! Que parte de "já morreu" você não consegue entender?
- Lamento, mas...
A dra. S. não a deixa terminar. Pega o celular do pai, bota-o na mão da atendente e, levantando-se:
- Então, por favor, fique com o celular dele. Quem sabe um dia ele não te telefona e aí pede o cancelamento direto do além para você? Faço votos que ele te ligue, viu? Passar bem.

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Os diálogos acima ganharam alguns retoques. Mas ambas as histórias são absolutamente verídicas.

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Eu já tinha falado dele aqui, mas agora é oficial: foi lançado em português o Suse Linux Enterprise 10, cujo foco é voltado para as empresas. Uma das atrações da distribuição é a virtualização nativa no sistema, baseada na ferramenta de código aberto Xen 3.0."

Um comentário:

Arqueira disse...

oi andré querido, logo vi que estas histórias tinham algo de verídico, pois aconteceu algo parecido ao tentarmos encerrar a conta da minha mãe no banco do brasil. até hoje não cancelaram e nós tivemos que contratar um advogado pra isso. beijos, saudades.