ó ártemis dos arcos de aço olímpico
por que não me amaste?
sou teu gêmeo
sei da dor da caçada
da angústia da presa
da impiedade do caçador.
eu estou tão perdido
sem teus pensamentos-irmãos
que mesmo na planície mais esquálida
eu poderia ficar escondido e morrer de velho
ainda que todos os batedores índios me procurassem.
ó ártemis dos arcos retesados com dura tristeza
eu não sou belo
mas ao menos minha crueldade amainou.
quando eu me for
lembrar-te-ás das mesas e das pândegas
e pensarás em ti mesma com desprezo
porque cuspiste em minha alma
e a deixaste sangrando
sem abatê-la
nem levá-la junto a teus seios.
ó ártemis dos arcos de mármore e bronze
não serás mais deusa
nos novos milênios
serás apenas uma alma pela metade
serás apenas um fantasma sem correntes
serás apenas um vão aceno de reconhecimento
para um estranho numa noite vulgar.
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