18.2.08

A culpa é do poeta
contraditório
como o mar parado
que devora
o observador distraído;
a culpa é do homem
solitário
e ainda assim com pavor de solidão;
a culpa é minha
e todas as noites, agora,
serão a última noite
antes do cadafalso.
a noite em que não se dorme
a noite em que se examina cada detalhe do catre
a noite em que nem as sombras nos querem ouvir.

Oh, sim, haverá aquela manhã
em que sairei para o sol
e não haverá nada na sala
a não ser os velhos jornais
o copo vazio cheirando a cerveja
e os óculos sem rosto nenhum por trás.

Não haverá nenhum patíbulo
a não ser o erigido dentro do meu peito
por minha alma distorcida
e desfigurada.

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