24.8.08

Foram apenas cem dias
mas então éramos invencíveis;
foi a única vez
em que o perfume do poder
me visitou
e só então compreendi
a audácia dos conquistadores.

E era tudo por ti:
tua alegria, teus planos,
tua sede de vidas.
Foi tudo por terra;
de algum modo eu me reconstruí;
mas ainda me sinto
metade de mim.

13.8.08


Mandando brasa em mais uma faixa do novo CD, ontem. E esquentando as turbinas para uma apresentação que deve rolar no mês que vem.

6.8.08

Estou tão quieto hoje
que ouço o fantasma atrás do guarda-roupa;
ele ri
enquanto joga cartas com a rainha Ana.
Penso de novo em sua magia terrível
e se um dia serei livre;
acho que não.

Mulher, você aprendeu pela metade
suas artes;
Soube agrilhoar-me
mas perdeu o contra-feitiço.

Oh, eu sei o que você dirá:
"é tudo da sua cabeça"
mas não.
eu a amo com um desespero
que jamais me visitou antes;
estou perdido
como Ricardo III
descendo Bosworth Field
em sua última investida.

mas nem esse último ato feroz
sou capaz de cometer:
calo, o rosto fervendo,
e ouço o riso
do fantasma atrás do guarda-roupa.
É bem verdade que na fase roqueira em que me encontro (sem falar no trabalho jornalístico) deixei meus Cadafalsos solitários em frias madrugadas; vou me esforçar para vir aqui mais vezes. É que meus poemas e contos são resultado de um estado de reflexão que é quase o inverso do processo musical.

Mas não posso perder a oportunidade musical, compreendam: neste momento, para mim, a música é como a amante que eu julgava perdida e retornou depois de mais de duas décadas de paradeiro ignorado. Eu estou fazendo tudo para agradar a essa Musa esquiva. Morro de medo de que ela vá embora de novo.