15.10.02

Estou lendo "Crônicas efêmeras" (Ateliê Editorial), reunião dos artigos escritos por João do Rio na "Revista da Semana" ao longo de todo o ano de 1916. Separei alguns trechos sensacionais para pôr nos blogs. Eis o primeiro deles, de uma crônica em que o célebre blagueur espinafrava o governo Wenceslau Brás a respeito do monte de impostos diferentes cobrados na época (soa familiar?). A certa altura, João do Rio não agüentou e resolveu, cheio de ironia, sugerir mais algumas taxas...

"1o. -- Imposto sobre a tolice parlamentar. Cada deputado que fizesse um discurso asnático, cada deputado que apresentasse um projeto inútil teria imposto.

2o. -- Imposto sobre os cargos ocupados por pessoas não têm competência para os ditos cargos. Como a extravagância do Brasil é nomear errado, creio que esse imposto seria de chofre a causa da remodelação do país. (...) As demissões seriam em massa para não pagar o dito imposto.

3o. -- Imposto sobre a elegância. Taxa sobre os five-o'clocks anunciados pelos jornais. Toda a falsa elegância desapareceria, para não pagar imposto.

4o. -- Imposto sobre os amadores literários. Cada artigo com mais de vinte erros, taxa fortíssima. Seria a ressurreição da literatura, ao cabo de certo tempo.

5o. -- Imposto sobre os cavalheiros que discutem finanças."

Lembre-se, caro leitor: o texto é de 1916, hein?

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