O amor, depois
Descobri ser possível
domar as feras da paixão
mas não as razões do amor.
Elas permanecem, com seu sorriso fleumático
(e às vezes troceiro)
no quarto de badulaques da memória.
Por isso, toda vez que te olho,
a linha de comando "ainda te adoro"
navega sub-reptícia
pelos neurotransmissores levados da breca.
Aí chega a srta. Séria,
censora molecular, psicorgânica
e, com um gesto definitivo,
encerra a brincadeira do desejo.
Mas, minha cara, ela nada pode contra um poema.
E eis-em aqui, livre de refluxos,
olhando teus lindos ombros
e tentando derreter tua tristeza com frivolidades,
mas dizendo com minhas órbitas
"jamais vou deixar de amar-te."
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