22.2.03

Pedinte

A solidão lateja hoje. Tum-tum-tum.
Cada têmpora é um latão desgovernado
cheio de sangue arterial
descendo por paralelepípedos cercados de espinhos.

Amiga querida, eu preciso muito de você.
Me empresta uns centavos do seu amor?
Só um trocadinho, vai.

Está tão cinza-chumbo aqui.
Beije minha boca, por favor.
Faz de conta que eu sou aquele canalha
que você secretamente idolatra.

Colo. Seu colo quente para debelar o tremor.
ah, como eu tenho sonhado com ele.
Seja gentil, só esta noite.
Disfarce sua beleza e crueldade.
Finja que eu não te amo desde o Gênesis.

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