Existem amigos que nos comovem mesmo à distância. É o caso de Alessandra Archer, com quem me sinto absolutamente incapaz de ficar chateado, mesmo sem vê-la há quase três meses. É impossível não adorar alguém capaz de escrever algo assim:
"Ela precisava falar sobre isso. Queria dizer que os sons a olhavam cabisbaixos. Às vezes desconfiavam que ela os ouvia. Mas como, se é absolutamente surda? Com os olhos castanhos avermelhados de choro ela os olhava sem calor. Queria ouvi-los, sim. Esforçava-se para entendê-los. E tudo o que conseguia era imprimir papéis e mais papéis cheios de histórias e poesias. Juntava letras com um teclado e considerava muito mais fácil do que abrir sua boca e cuspir palavras. Elaborava-as, buscando explicações para tudo o que não conseguiria nunca desenrolar em sua mudez doentia. talvez por isso seus textos vinham sempre com as mais belas e ousadas palavras. Contos tingidos de verde, aromatizados ou com sabor chocolate. Mas agora estava com um nó na garganta e só dispunha de cinco minutos para digitar qualquer coisa rápida, qualquer coisa que a desengasgasse por algum tempo. E iria fazê-lo. E estava certa de que conseguiria. E foi por isso que sua mãe a ouviu, pela primeira vez, dizendo que a amava."
Oh boy.
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