O velho e bom Aristóteles:
"Espírito é insolência educada."
"Somos aquilo que fazemos repetidamente."
30.10.03
29.10.03
25.10.03
Visitas perfeitas
(um poema especialmente dedicado a Angel)
É nas histórias de suas páginas
que muita vez meu humor sai ao sol
e, curioso, abandona a bruma
que por vezes se entretece sobre as córneas
nas caminhadas solitárias na rede.
Ali, entre alfarrábios gozosos,
passo horas refletindo sobre vidas;
a vontade de poetar se encorpa
e meus lábios ciciam felizes.
Ó doce pintora de estados da mente:
como sabem a jardins suas letras elegantes!
Um brinde de absinto a elas
e uma vênia graciosa a sua lapidadora.
(um poema especialmente dedicado a Angel)
É nas histórias de suas páginas
que muita vez meu humor sai ao sol
e, curioso, abandona a bruma
que por vezes se entretece sobre as córneas
nas caminhadas solitárias na rede.
Ali, entre alfarrábios gozosos,
passo horas refletindo sobre vidas;
a vontade de poetar se encorpa
e meus lábios ciciam felizes.
Ó doce pintora de estados da mente:
como sabem a jardins suas letras elegantes!
Um brinde de absinto a elas
e uma vênia graciosa a sua lapidadora.
24.10.03
Peço licença para republicar um poema aqui. É sobre como a gente se sente ao perder um amigo, especialmente quando a culpa é nossa.
Perder amigos
Perder amigos
É como perder um documento de identidade
Do qual não existe segunda via;
É a nossa foto que está ali,
Sulcada com microinstantes de prazer e dor
-- E ninguém sabe onde está o negativo ou como revelá-lo.
Em nossa assinatura se escondem gotículas de sangue e paixão,
E na filiação está escrito Esperança e Lealdade em ouro
Ou talvez ouro de tolo.
Perder amigos é perder uma fatia de alma esburacada
Pelos dias que roem nossas convicções.
Dize-me quantos amigos perdeste
E eu te direi o quanto envelheceste.
Perder amigos
Perder amigos
É como perder um documento de identidade
Do qual não existe segunda via;
É a nossa foto que está ali,
Sulcada com microinstantes de prazer e dor
-- E ninguém sabe onde está o negativo ou como revelá-lo.
Em nossa assinatura se escondem gotículas de sangue e paixão,
E na filiação está escrito Esperança e Lealdade em ouro
Ou talvez ouro de tolo.
Perder amigos é perder uma fatia de alma esburacada
Pelos dias que roem nossas convicções.
Dize-me quantos amigos perdeste
E eu te direi o quanto envelheceste.
21.10.03
É com muito orgulho que vou contar isto a vocês: este guardião do Cadafalso foi o segundo lugar no concurso de narrativas curtas Haroldo Maranhão, organizado pela Meg. E isto entre mais de 300 inscritos. Não podia desejar maior honra e estou muito feliz e agradecido. O texto agraciado foi o Miniconto do desconforto número 5, que rebatizei de "A decisão" para a competição. Eis o texto:
"A nevasca seguia virulenta lá fora; dentro, o troar dos aplausos era inesgotável, irreprimível. Chamado ao palco, os gritos de "O autor! O autor!" transformando-o num títere gigante, postou-se no proscênio, como fizera nos últimos anos, impecavelmente elegante na capa Inverness e tirando da cigarreira dourada um dos incontáveis cigarros que o acompanhavam após os jantares no Savoy.
Ao dar a primeira tragada, viu na quarta fileira a Desgraça aplaudindo de pé, num longo vestido negro adornado por um único rubi cor de sangue. Naquela noite, decidiu: deixaria a vida de dissipação e recolher-se-ia num mosteiro, onde escreveria suas melhores obras, frutos da reflexão de que tanto precisava.
Mas a manhã surgiu magnífica, sem uma nuvem no céu, e lhe trouxe agradável companhia. Sentia-se novo, e saiu para passear em seu cabriolé de plantão. Anos depois, na prisão, falido, recordaria: fora a Beleza que o lançara ao abismo."
17.10.03
Lembrete: amanhã no Armazém do Rio, no Cais do Porto, o lançamento do site/revista Paralelos, projeto nota mil do querido Augusto Sales. A partir das 17 horas. Todos lá!
A prece pagã de Robert Wilde
A vida é avara para um coração
de código-fonte aberto.
O fantasma de Scrooge
é o único que aparece
para os objetos da paixão desenfreada
e lhes dá conselhos vis
de separação
de cartas-punhais
de poupança resplendente
em vez de entrega.
Eis-me sozinho, ó Afrodite:
para que me seduzes das alturas
se no fim sou sempre cuspido
como um caroço amargo?
A vida é avara para um coração
de código-fonte aberto.
O fantasma de Scrooge
é o único que aparece
para os objetos da paixão desenfreada
e lhes dá conselhos vis
de separação
de cartas-punhais
de poupança resplendente
em vez de entrega.
Eis-me sozinho, ó Afrodite:
para que me seduzes das alturas
se no fim sou sempre cuspido
como um caroço amargo?
Estive neste pedacinho de éden, onde funciona um pólo de tecnologia no estado do Rio. Fica aqui.
Serviu para me fazer voltar a cantar, mentalmente: "a vida é bela/só nos resta viver".
14.10.03
Eleanor of Aquitaine: What would you have me do? Give out? Give up? Give in?
Henry II, King of England: Give me a little peace.
Eleanor of Aquitaine: A little? Why so modest? How about eternal peace? Now there's a thought.
(Katharine Hepburn e Peter O'Toole, como Eleonora de Aquitânia e seu marido Henrique II da Inglaterra, em "O leão no inverno")
Henry II, King of England: Give me a little peace.
Eleanor of Aquitaine: A little? Why so modest? How about eternal peace? Now there's a thought.
(Katharine Hepburn e Peter O'Toole, como Eleonora de Aquitânia e seu marido Henrique II da Inglaterra, em "O leão no inverno")
Often, on returning home from one of those mysterious and prolonged absences that gave rise to such strange conjecture among those who were his friends, or thought that they were so, he himself would creep upstairs to the locked room, open the door with the key that never left him now, and stand, with a mirror, in front of the portrait that Basil Hallward had painted of him, looking now at the evil and aging face on the canvas, and now at the fair young face that laughed back at him from the polished glass.
Oscar Wilde, "The picture of Dorian Gray"
Oscar Wilde, "The picture of Dorian Gray"
9.10.03
Às vezes uma viagem de trabalho pode ser um oportuno distanciamento dos problemas cotidianos. Em especial se você pode chegar na noite anterior à missão propriamente dita e descansar um pouco num hotel. A gente fica um pouco com a gente mesmo e experimenta a essência dos dois lados da solidão: aquele em que, digamos, se saboreia sozinho um jantar, parando para filosofar em silêncio entre uma garfada e outra, ou para explorar os arredores desconhecidos num passeio sem destino. E aquele em que sentamos na cama, controle remoto na mão, e nos damos conta de como, no fundo, os quartos de hotel são todos iguais; de como a televisão pode ser aquele abismo amorfo que nos olha de volta; de como fazem falta as trapalhadas de sua família na periferia daquele filme denso a que você quer assistir apenas para entrar em contato com suas emoções perdidas no tempo.
Então, liga-se para casa, meio que tentando esconder a própria aflição, e ouve-se do outro lado da linha a voz da filha entre risadas e traquinagens -- o som da despreocupação absoluta. E pronto, estamos salvos.
Então, liga-se para casa, meio que tentando esconder a própria aflição, e ouve-se do outro lado da linha a voz da filha entre risadas e traquinagens -- o som da despreocupação absoluta. E pronto, estamos salvos.
7.10.03
Dias 16, 17, 18 e 19 de outubro vai rolar no Armazém do Rio o evento "Primavera dos Livros", com palestras, rodas de leitura, shows e estandes de várias editores. Quem curte literatura deve ficar ligado. No dia 18, sábado, às 19h, pretendo dar um pulo até lá para prestigiar minhas queridas Alessandra Archer e Crib Tanaka, que estarão lendo alguns trechos de seus escritos. E de repente vou ler algumas coisas minhas também ;-). Mestre Augusto Sales, o homem do Falaê!, também estará no programa, falando sobre e-zines e blogs, no mesmo dia, às 17h30. Ele está montando a revista/site "Paralelos", que vai reunir alguns dos antigos colaboradores do Falaê!.
3.10.03
Eu com Tia Cora, que prestigiou os coleguinhas no Prêmio Imprensa Embratel. A festa foi muito divertida.
Foto by Nokia 7650 da Miss Monteiro.
2.10.03
Quero dançar com você a noite toda, de preferência com o Gustavo restabelecido e cuidando das carrapetas com aquele repertório de guitarras divinas; quero olhar nos seus olhos, pousar sua mão em meu peito e esquecer todas as obrigações, as rotinas estereotipadas e a vida à la Pasteur que nos foi dado viver. Não quero lhe dizer uma palavra além destas linhas, apenas beijar seu pescoço e seus ombros em transe e descansar em seu regaço no fim da longa noite de lua nova.
Reconheça, pelo menos esta noite, que nossas almas foram prometidas no Gênesis. E entregue-se ao júbilo.
Reconheça, pelo menos esta noite, que nossas almas foram prometidas no Gênesis. E entregue-se ao júbilo.