Férias!
Moçada, vou descansar um pouquinho da correria. Volto dia 15/12.
Fiquem bem.
(A foto é do Freefoto.com).
28.11.03
27.11.03
Este também é d'antanho, mas até que combina com os temporais dos últimos dias no Rio ;-)
A tempestade
As palavras e as poesias vêm e vão
Como teu olhar perdido em meio à turba selvagem
Eu as guardo e cuspo sem o saber
Nas cordas de minha guitarra ensangüentada.
Se desistires do vento,
Não me terás também -- eu sou a Tempestade
E meus cabelos engolem teu amor em vagas
Arrastando-te para a loucura
Em teias de lábios rubros,
Em febres de noites sem luz.
A tempestade
As palavras e as poesias vêm e vão
Como teu olhar perdido em meio à turba selvagem
Eu as guardo e cuspo sem o saber
Nas cordas de minha guitarra ensangüentada.
Se desistires do vento,
Não me terás também -- eu sou a Tempestade
E meus cabelos engolem teu amor em vagas
Arrastando-te para a loucura
Em teias de lábios rubros,
Em febres de noites sem luz.
26.11.03
Algumas falas imperdíveis no filme "The Hours", de Virginia Woolf (Nicole Kidman).
If I were thinking clearly, Leonard, I would tell you that I wrestle alone in the dark, in the deep dark, and that only I can know. Only I can understand my condition. You live with the threat, you tell me you live with the threat of my extinction. Leonard, I live with it too.
This is my right; it is the right of every human being. I choose not the suffocating anesthetic of the suburbs, but the violent jolt of the Capital, that is my choice. The meanest patient, yes, even the very lowest is allowed some say in the matter of her own prescription. Thereby she defines her humanity. I wish, for your sake, Leonard, I could be happy in this quietness. But if it is a choice between Richmond and death, I choose death.
Leonard, you cannot find peace by avoiding life.
If I were thinking clearly, Leonard, I would tell you that I wrestle alone in the dark, in the deep dark, and that only I can know. Only I can understand my condition. You live with the threat, you tell me you live with the threat of my extinction. Leonard, I live with it too.
This is my right; it is the right of every human being. I choose not the suffocating anesthetic of the suburbs, but the violent jolt of the Capital, that is my choice. The meanest patient, yes, even the very lowest is allowed some say in the matter of her own prescription. Thereby she defines her humanity. I wish, for your sake, Leonard, I could be happy in this quietness. But if it is a choice between Richmond and death, I choose death.
Leonard, you cannot find peace by avoiding life.
25.11.03
Este é bem das antigas, escrito no começo da década de 80 num dia cinza perto de Itaipu, num lugar acolhedor, mas onde faltava uma pessoa essencial.
Bordado
E tudo fica imperceptivelmente quieto
E eu fico só
Bordando uma poesia quieta.
Não percebo quando chegas
Mas sei que não pretendes falar-me
Bem sei que não pretendes falar-me
E assim prossigo no vaivém da agulha.
Então, quando a cera da última vela se derrete,
E, missão cumprida, faço que vou me levantar,
Deténs-me e beijas-me as pálpebras pesadas
E, antes que eu possa retribuir,
Voltas a ser apenas chuva.
O que me resta então
Senão voltar a bordar poesias?
Bordado
E tudo fica imperceptivelmente quieto
E eu fico só
Bordando uma poesia quieta.
Não percebo quando chegas
Mas sei que não pretendes falar-me
Bem sei que não pretendes falar-me
E assim prossigo no vaivém da agulha.
Então, quando a cera da última vela se derrete,
E, missão cumprida, faço que vou me levantar,
Deténs-me e beijas-me as pálpebras pesadas
E, antes que eu possa retribuir,
Voltas a ser apenas chuva.
O que me resta então
Senão voltar a bordar poesias?
21.11.03
Outra da arca:
Sóis derramados
Tu te enganaste.
O que derramo pelas faces enegrecidas
Não são lágrimas
Mas reflexos do sol nascente
Tu não o sabes
Mas a marca de um destes brilhantes
Faz rebentar a taquicardia da espera
Pelo abraço do todo
Derramas sóis também?
Então vem e abraça-me
Se o universo não nos envolve, taciturno,
Talvez possamos criar um outro
No contratempo das batidas em nossos peitos.
Sóis derramados
Tu te enganaste.
O que derramo pelas faces enegrecidas
Não são lágrimas
Mas reflexos do sol nascente
Tu não o sabes
Mas a marca de um destes brilhantes
Faz rebentar a taquicardia da espera
Pelo abraço do todo
Derramas sóis também?
Então vem e abraça-me
Se o universo não nos envolve, taciturno,
Talvez possamos criar um outro
No contratempo das batidas em nossos peitos.
18.11.03
Um da arca, de que gosto:
Janeiro, 1
Dançar a noite inteira
E fazer amor com o dia amanhecendo, preguiçoso,
Empurrando sua milícia de nuvens douradas para o subúrbio...
Que melhor augúrio para a nova jornada
Do que teus beijos tépidos em minha boca e em meu peito
E tuas mãos explorando indóceis a selva de meus pêlos
enquanto o tecido branco desfalece por teus ombros abaixo,
gentilmente empurrado por meus dedos,
revelando uma alvorada desconhecida de Zaratustra
e muito mais bela do que a manhã
que nos deixam ver nossos postigos?
Teus olhos pequeninos e negros, tua face angulosa
Perdida em meio à eterna revolução de tuas melenas
Tudo em ti sorri enquanto o vagaroso expresso do prazer
Movimenta suas engrenagens, delicada e depois firmemente,
seguindo em direção às rubras pradarias do interior.
Quando, passado o momento supremo da Carne,
É alcançada a subestação do Espírito,
Derramas lágrimas de mel
e derretes por fim meu último gelo,
envolvendo-me em teus braços lisos e frementes.
Beijas-me então com o afinco que sempre te envolve após o amor
E bebes, vibrante, toda a minha alma
virando-a de uma vez só, como um uísque "cowboy".
Mais tarde, quando a observo dormitar
enquanto fumo um cigarro torto antes de me recolher,
Enterneço-me de repente e me pergunto
como pude, em outro tempo,
existir e caminhar sobre a terra sem ti.
Janeiro, 1
Dançar a noite inteira
E fazer amor com o dia amanhecendo, preguiçoso,
Empurrando sua milícia de nuvens douradas para o subúrbio...
Que melhor augúrio para a nova jornada
Do que teus beijos tépidos em minha boca e em meu peito
E tuas mãos explorando indóceis a selva de meus pêlos
enquanto o tecido branco desfalece por teus ombros abaixo,
gentilmente empurrado por meus dedos,
revelando uma alvorada desconhecida de Zaratustra
e muito mais bela do que a manhã
que nos deixam ver nossos postigos?
Teus olhos pequeninos e negros, tua face angulosa
Perdida em meio à eterna revolução de tuas melenas
Tudo em ti sorri enquanto o vagaroso expresso do prazer
Movimenta suas engrenagens, delicada e depois firmemente,
seguindo em direção às rubras pradarias do interior.
Quando, passado o momento supremo da Carne,
É alcançada a subestação do Espírito,
Derramas lágrimas de mel
e derretes por fim meu último gelo,
envolvendo-me em teus braços lisos e frementes.
Beijas-me então com o afinco que sempre te envolve após o amor
E bebes, vibrante, toda a minha alma
virando-a de uma vez só, como um uísque "cowboy".
Mais tarde, quando a observo dormitar
enquanto fumo um cigarro torto antes de me recolher,
Enterneço-me de repente e me pergunto
como pude, em outro tempo,
existir e caminhar sobre a terra sem ti.
13.11.03
Rebeca entrou na sala:
-- Mãe, cadê o DVD?
Jessica respondeu, já imaginando o que ela queria dizer:
-- Não é DVD que fala, menina, é controle remoto.
Rebeca continuou:
-- Não é isso. Cadê o DVD?
-- Menina, fica lá no quarto do seu pai, você não sabe?
-- Mas não está lá.
Jessica foi ao quarto e voltou.
-- Não está lá mesmo, mãe.
Wal foi verificar.
Tinham furtado o aparelho de DVD do meu quarto, que fica perto da janela (que dá para um corredor interno que leva a uma pequena vila). O aparelho estava lá uma hora antes.
Polvorosa.
Wal desceu até nossa vizinha, que mora atrás de nossa casa. Desconfiou do pessoal de uma obra que estava sendo feita ao lado. Logo viu uma escada no muro que dá para o pátio posterior de casa, para os aposentos de minha sogra. Comentou com a vizinha que ia chamar a polícia. Nossa vizinha, que não prima pela discrição, espalhou a notícia aos quatro ventos.
Pouco depois, Wal subiu ao pátio posterior e encontrou o aparelho de DVD dentro de uma bolsa molhada (estava chovendo) no quarto de minha sogra.
É ou não é um ladrão de cibergalinhas este mané?
-- Mãe, cadê o DVD?
Jessica respondeu, já imaginando o que ela queria dizer:
-- Não é DVD que fala, menina, é controle remoto.
Rebeca continuou:
-- Não é isso. Cadê o DVD?
-- Menina, fica lá no quarto do seu pai, você não sabe?
-- Mas não está lá.
Jessica foi ao quarto e voltou.
-- Não está lá mesmo, mãe.
Wal foi verificar.
Tinham furtado o aparelho de DVD do meu quarto, que fica perto da janela (que dá para um corredor interno que leva a uma pequena vila). O aparelho estava lá uma hora antes.
Polvorosa.
Wal desceu até nossa vizinha, que mora atrás de nossa casa. Desconfiou do pessoal de uma obra que estava sendo feita ao lado. Logo viu uma escada no muro que dá para o pátio posterior de casa, para os aposentos de minha sogra. Comentou com a vizinha que ia chamar a polícia. Nossa vizinha, que não prima pela discrição, espalhou a notícia aos quatro ventos.
Pouco depois, Wal subiu ao pátio posterior e encontrou o aparelho de DVD dentro de uma bolsa molhada (estava chovendo) no quarto de minha sogra.
É ou não é um ladrão de cibergalinhas este mané?
10.11.03
Este Cadafalso fez dois anos de vida no último dia 6 de novembro. Não pude assinalar a passagem no dia em questão por estar mergulhado no trabalho no Paraná. Mas agora vamos nessa!!!!! Yesss!!!!
Ao longo deste mês festivo estarei postando alguns poemas que marcaram os 730 dias de posts.
E vamos começar com o "Poema do Cadafalso", que deu origem ao nome do blog:
Poema do cadafalso
O que restou da última gota de desespero
Secou.
Deveríamos talvez esperar as rosas
Mas por que não semeá-las no vento?
Encontro-me em seu vácuo
Ejaculo minha autopiedade
Choro, emudeço, porcelana derretendo...
Olhos-espadas singrando mares violentos
Ecoando amores sem resposta
Angústias da tempestade rósea do cadafalso.
Meus icebergs são feitos de algodão
Quem bate neles não se arrebenta, é tragado
E serve de ídolo aos pagãos de meu corpo em agonia...
Liberdade, liberdade
Nas garrafas de vinho desgraçadas da noite!
Vem, vício macilento, enterra-me o ser,
Mata esse ardor da pele viva,
Destrói tudo!
Quando passar a tormenta,
Vou me encarcerar uma vez mais
Até vislumbrar, na podridão das paredes úmidas,
Um novo devir
Chave dos sentidos em ebulição,
Beijo louco do desejo no desejo
Brilhante gota do primeiro desespero.
Ao longo deste mês festivo estarei postando alguns poemas que marcaram os 730 dias de posts.
E vamos começar com o "Poema do Cadafalso", que deu origem ao nome do blog:
Poema do cadafalso
O que restou da última gota de desespero
Secou.
Deveríamos talvez esperar as rosas
Mas por que não semeá-las no vento?
Encontro-me em seu vácuo
Ejaculo minha autopiedade
Choro, emudeço, porcelana derretendo...
Olhos-espadas singrando mares violentos
Ecoando amores sem resposta
Angústias da tempestade rósea do cadafalso.
Meus icebergs são feitos de algodão
Quem bate neles não se arrebenta, é tragado
E serve de ídolo aos pagãos de meu corpo em agonia...
Liberdade, liberdade
Nas garrafas de vinho desgraçadas da noite!
Vem, vício macilento, enterra-me o ser,
Mata esse ardor da pele viva,
Destrói tudo!
Quando passar a tormenta,
Vou me encarcerar uma vez mais
Até vislumbrar, na podridão das paredes úmidas,
Um novo devir
Chave dos sentidos em ebulição,
Beijo louco do desejo no desejo
Brilhante gota do primeiro desespero.
7.11.03
De volta de Curitiba, onde fui cobrir um evento de software livre. Volto com muitas histórias interessantes, que sairão em breve. À noite, após entrevistas e palestras o dia todo, retornei ao Bar do Alemão, deliciosa instituição boêmia fincada no histórico Largo da Ordem, onde saboreei um chope batizado de Schwarzwald, que vinha com uma canequinha de aguardente alemã mergulhada nele. Excelente para rebater o frio de nove graus que fazia na capital paranaense.
A canequinha ficava de brinde para o conviva depois que o chope terminava. É claro que cheguei em casa com várias delas, cada uma com uma bandeirinha representando uma cidade da Alemanha.
Por falar nisso, a volta pareceu o filme "No limite da realidade": aterrissamos no Santos Dumont com chuva, raios e relâmpagos, depois de um vôo bem sacudido por turbulências entre SP e Rio. Quando desci do avião, bem que precisava de mais um Schwarzwald...
A canequinha ficava de brinde para o conviva depois que o chope terminava. É claro que cheguei em casa com várias delas, cada uma com uma bandeirinha representando uma cidade da Alemanha.
Por falar nisso, a volta pareceu o filme "No limite da realidade": aterrissamos no Santos Dumont com chuva, raios e relâmpagos, depois de um vôo bem sacudido por turbulências entre SP e Rio. Quando desci do avião, bem que precisava de mais um Schwarzwald...
3.11.03
Um chope. O sol. A brisa. E a gente dentro d'água, filosofando sobre tudo e nada. Assim foi meu sábado, na casa de uma prima. Um churrasquinho para rebater. E, de resto, ficar olhando o azul e perceber a luz se despedindo bem lentamente.
Pena que no fim do dia vieram raios, relâmpagos e trovões, anunciando a chuvarada que se estendeu até hoje. São Pedro tem um senso de humor esquisito mesmo.
Pena que no fim do dia vieram raios, relâmpagos e trovões, anunciando a chuvarada que se estendeu até hoje. São Pedro tem um senso de humor esquisito mesmo.