29.2.04

Todas as águas-vivas ao sabor das ondas
são atraídas por minha tristeza
e queimam como que para me purgar
do seu amor perdido
das palavras proibidas
que transformaram em vinagre
o outrora perfumado odor de suas mãos
nas minhas.

Hoje, toda vez que falo a uma linda jovem
vejo nos olhos curiosos as suas órbitas
nos cabelos viçosos e despojados os seus
na boca em flor seu jardim
que eu tanto queria irrigar
com minha alegria selvagem
minha verve
e alguma feitiçaria antiga.

Ah! mas só me restaram as vagas
e o escuro de velhos cinemas
onde um homem pode chorar só e digno
e esperar pela Hora.

19.2.04

Evoé Momo?
Nada disso.
Long live rock.
Be it dead or alive.
eu hoje não quero falar com o poema
quero esboeteá-lo
açoitá-lo
e deixá-lo sangrar ao relento
fitando de olhos turvos
a aurora boreal no inferno.

não
na verdade eu quero gritar com o poema
até ele se encolher num canto da estação
e depois flanar sobre os trilhos eletrificados
e desertar do exército de zumbis.

de verdade?
eu só quero fumar um hollywood
e investigar o oceano
em silêncio
e pensar em todos os erros
que cometi com você.

13.2.04

Algumas manchetes recentes:

"Petrobras tem maior lucro da história"

"Ganho com tarifas aumenta lucro do Unibanco"

"Lucro da Caixa cresceu 50% ano passado"

"Lucro do Bradesco chegou a R$ 2,3 bi no ano passado"

"Citigroup lucra US$ 4,76 bi"

"Lucro da IBM é de US$ 2,7 bilhões"

"Lucro da Aracruz subiu 7.000% no ano passado"

E eu pergunto, como o Plebe Rude: cadê nossa fração?

10.2.04

Soneto pela quietude

Vais a Zeus de salto alto
E esnobas Afrodite;
Quando beijas o asfalto
Só esperas tendinite?

Me atiras alfarrábios
mas só queres auto-ajuda
Tocas rindo outros lábios
Nunca sabes ficar muda.

Solidão, quero socorro
contra fogos d'artifício
Em tal festa só eu morro

Muito antes do solstício.
Devolvei o velho gorro
já cansei deste comício.
Soneto demente

Teu amor vem descartável
Como a pele da serpente
Faz a alma miserável
É poção adstringente

A paixão não te acomete
Só conheces "eu desejo"
Corações ao vinagrete,
Estratégia no solfejo...

E ainda do teu seio
Grito de abstinência
Toda vez que, só, releio

Minha carta de demência.
Uns fantasmas, esfaqueio
Outros são Vossa Excelência.

6.2.04

Espero poder pôr aqui um pouco de poesia na semana que vem. Nas últimas semanas, tenho estado tão preocupado com questões materiais e tarefas que mal tive tempo de exercitar o coração.
Perdoem-me a ausência dos últimos dias, em que estive corrrendo atrás das matérias. Amanhã, o descanso. Deve ser por isso que está chovendo ;-)

2.2.04

Saí ontem do jornal às 23 e tanto. Por isso estou tão cansado. Segunda-feira depois de plantão é como a ressaca de uma bebida que você tomou porque não havia outra opção. O plantão só vale pelo ar-condicionado da redação...

Mal posso esperar pelo sábado que vem, o final dos 12 dias seguidos de labuta.