7.6.06
O rio
(Ao ver o encontro das águas do Rio Negro e Solimões, na Amazônia)
E então imaginei Orellana
atônito
sob o vento desse mar doce
negro
há centenas e centenas de anos;
compreendi sua angústia
ao voltar à calmaria ibérica
sonhei seus sonhos de retorno
ao coração selvagem do novo mundo
e percebi meu reverso
submerso
nos igapós cheios de sussurros fantasmagóricos.
Quem ali navega uma vez
é presa do estranho desejo
de vida e morte luxuriante e febril
em comunhão com plantas e feras;
não mais sucumbir numa cama olorosa
não às enfermarias assépticas
sim à aventura, sim à exploração profunda
sim ao mundo pagão
onde se joga pelas regras.
A civilização é a verdadeira barbárie.
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