28.12.01

Para M., com toda a minha adoração

Na outra noite eu te fiz chorar, sem querer,
e, pior, não foi por amor,
mas porque tinhas a mesma e terrível sensação que eu tivera um dia
a de que a juventude fora apedrejada para fora de seu parlatório.

Perdão, amiga,
por te conduzir a tal masmorra.
Acendi depois um cigarro e menti galantemente:
afirmei que já superara tal crise
e que também a banirias com um gesto impetuoso, como é de teu feitio.

Mas, cá no porão de meu ventrículo, eu bem sei
que minha vitória foi apenas uma arte de prestidigitação.
Pois mede-o em fahrenheit, celsius ou kelvin,
e verás que a cada ano diminui meu amor pelo amar.

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