16.1.04

Soneto desmesurado da perda

Denunciou o descontrole na missiva
Tua letra apressada e tremida;
E com esferográfica borracha
Ali me apagaste de tua vida.

Foi tão absoluto meu espanto
que só sobraram palavras vazias;
com elas respondi como robô
ao disparate que dizias.

Depois chorei sozinho no escuro
e decidi nunca mais lhe falar
Só hoje amargo o gesto impuro

Pois que perdi a fé no amar
e já nenhum feitiço conjuro
Que fique Vênus no velho altar.

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