4.1.04

Um quark

Na madrugada aquosa
sonhou com uma pitada de aventura
e mais do que nunca a desejou a seu lado
rindo na escada
e sussurrando
para que tocasse também o outro seio
sob a blusa desabotoada.

Despertou
com o som das goteiras na alma
e suspirou para a escuridão:
ela estava lá e não mais estava;
podia ouvir sua respiração suave
mas ela, a verdadeira,
havia ficado numa esquina do tempo.

Ah! e o pior, o pior
era que ele também parara em algum ponto
-- e a ponderação levara adiante outro pedaço de si.

Ó ímpetos perdidos nas estrelas!
Tenham piedade de nossos eus desbotados
e lancem-nos um quark irresponsável de vez em quando;
pois no que a vida descobre o palor de suas faces
é penoso ter caprichos sem alguma cumplicidade.

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