Afrodite, escutai
Ó deusa dos poetas, recebei-me.
Este pobre servo pecou novamente
por deixar florescer o coração.
Aquela que o encantou, vós sabeis,
fechou-se em copas
e eu já ouço o som da fenda na aurícula
-- a primeira fenda de muitas --
e já sinto o primeiro rio quente
descer por minha face desolada.
Logo meu peito será uma terra devastada
logo os cacos do órgão serão varridos pelo vento
e desta vez eu não quero mais juntá-los
desta vez eu vou morrer de tristeza
como morreram muitos reis de Escócia.
Ó deusa dos poetas, desta vez
eu entrevi mesmo a liberdade.
Escarneci do jogo habitual
e me prostrei reverente.
Eu disse tudo -- eu esvaziei a alma
e a ofereci numa miniatura do Taj Mahal.
Ora, mas eu sou apenas um homem
e não são os homens feitos para sofrer?
Vós deveis estar bebendo com Ares
e rindo de mim nos jardins suspensos do Olimpo.
Mas não tem importância;
logo meu peito será uma terra devastada
logo os cacos do órgão serão varridos pelo vento
e desta vez eu não quero mais juntá-los
desta vez eu vou morrer de tristeza
como morreram muitos reis de Escócia.
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