Eu ainda não tinha visto "Antes do pôr-do-sol", a continuação de "Antes do amanhecer", com Ethan Hawke e Julie Delpy. O primeiro filme foi muito legal, e para mim tinha o atrativo extra de se passar em Viena, cidade onde estive. Mas este segundo me falou mais à alma, pois os personagens não são mais exatamente jovens e seus questionamentos calaram fundo em mim. E Paris é sempre Paris, não poderia haver melhor cenário (na minha lista de coisas a fazer ainda está visitar Paris e Londres).
Os diálogos são maravilhosos. Mesmo quando eles estão falando de coisas mais impessoais. Por exemplo, é ótima a passagem em que a personagem de Delpy comenta que passou uns dias numa cidade da Europa oriental, sem televisão, sem os apelos consumistas massacrantes a que estamos acostumados todos os dias... Ela diz que, livre do canto de sereia capitalista, caminhou mais, refletiu mais, escreveu mais em seu diário. Admite que nos primeiros dias ficou entediada, mas depois seu cérebro relaxou e foi quase como uma droga poder respirar um ambiente mais natural, menos forçado.
Aconteceu isto comigo em Bruges, na Bélgica. No Velho Continente, é como se você sentisse a companhia refrescante de uma sabedoria milenar caminhando ao seu lado nas vielas silenciosas.
O filme tem cortes, mas parece não tê-los, tão fluida é a conversa. Julie Delpy ainda é linda, embora não tanto quanto na época em que fez a versão da Disney dos "Três Mosqueteiros". E como é bom ver personagens trocando idéias, ironizando mesmo as neuroses mais cabeludas, num roteiro em que não precisa "acontecer" nada -- é como se o diretor os flagrasse passeando e conversando, gostasse e decidisse acompanhá-los assim como quem não quer nada.
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