6.5.02

Neve

Neve
É o que atiras sobre os cabelos em desalinho
De minha alma:
Neve em flocos revestidos de chumbo
Que fingimos serem palavras.
Mas que escolha tenho?
Antes sentir a feroz cãibra do desprezo
Antes sentir tuas unhas rubras
Gentilmente esfolando minha esperança
Do que beber para sempre
Do cálice da solidão: despertar todas as manhãs
Ao lado do nada -- fazer amor com ele
E ficar grávido de lugares-comuns
E beijar a fé, e acreditar.
Torture-me, pois, por favor.
Eu vou sorrir quando furares minhas mãos com diamantes
E gozar quando me enfiares ácido umbigo abaixo.

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