16.5.02

O DESTINO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O DESEJO

CAPÍTULO VIII


Ele sentou-se no banco junto aos querubins às quatro horas. Às cinco, imaginou se ela encontrara o bilhete. Às cinco e quarenta, cochilou.
Às seis e dez acordou e a primeira coisa que viu foi um par de pernas longilíneas e muito brancas escapando de uma saia turquesa. Quando levantou os olhos, viu Daniela fitando-o com um sorriso francamente divertido nos lábios. Na mão direita, segurava o bilhete.
­-- "Venha me assustar mais um pouco. Jon". Gostei.
­-- Quem é você, afinal? ­-- perguntou ele, mais para si mesmo do que para ela.
­-- Sou quem você quiser.
­-- Você pode ser Mônica?
­-- Não gosto do nome. Prefiro Ingrid.
­-- Preciso dizer a Mônica algo que não tenho coragem de dizer a ela.
­-- Diga.
­-- Mônica, eu estou perdidamente apaixonado por você e pelo seu corpo e quero fazer amor com você beijar você todinha até você morrer de prazer me abrace e não me solte nunca mais e aaahhhh....

* * *

Acordou com Daniela limpando o filete de baba que lhe escorria pelo peito. Olhava-o gravemente. Ele se sentou ereto, envergonhado. Ela deixou cair o lenço de papel. Ele tremeu. Ela sentou-se. Ele não se mexeu. Ela tomou-lhe a face nas mãos. Ele sentiu-se um perfeito idiota, um peso morto, quando ela inclinou seu rosto para a direita e beijou sua boca seca.

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