26.11.01

Boa tarde. Hoje, um poema sobre aquela coisa angustiante: o ato (?) de esperar...

Aguardo você

Aguardo você.
Tenso, giro pelas paredes adentro
O relógio, tenho vontade de jogar pela janela
Preciso encontrar o que fazer
(Pare de tamborilar no parapeito, homem!)

Aguardo você,
E é como se fosse a morte
A vida passa em fotogramas
Vinte-e-quatro-quadros-por-segundo
A música não surte efeito
A leitura fica dispersa
A dor é efêmera mas aguda.

Ah! esperar é um jogo de azar
Você aposta as fichas todas, predestinadas
À desgraça do blefe por trás de seus olhos
De nada adianta levantar poesias
De nada vale gritar por flores azuis.

Na espera descubro meu amor,
No espanto recobro minha luz
E favos de esperança redobram o vento

Mas
Somente a vida na imensidão dos copos vazios
Salvar-me-á dessas noites de suspiros
Na menopausa precoce da existência.

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