27.11.01

Este negócio de blog é mesmo muito legal. Já conheci duas pessoas interessantíssimas por e-mail, a Alessandra e a Valeska. Vou aproveitar para homenagear a Alessandra, que escreve a sensacional série "Encontros e desencontros" em seu blog com o Gustones, citando um primoroso texto dela aqui:

"Encontros & Desencontros -- episódio 3 (Alessandra Archer)
Ele quis chupar-lhe o dedo do pé. E ela o amou. Ele elogiava seus cabelos, seus seios, sua boca, seu sorriso, e repetia-lhe sempre que gostava de estar com ela. Viam filmes e ouviam música juntos, como crianças, abraçadinhos, comendo pipoca no frio e tomando vinho, muito vinho. Trancavam-se finais de semana inteiros em casa e só saíam segunda-feira, pela manhã, rumo ao trabalho. Era paixão, mas ela jurava que era amor. Ela comprou-lhe presentes. Um CD, uma camisa, um livro. Ele sequer lembrou do aniversário dela. Ela já sabia que ele era mais um desencontro em sua vida, mas insistiu.
Um dia ele enjoou do rosto dela. Fez cara de nojo e anunciou a separação.
Encontrou-o numa esquina, tempos depois. Enquanto conversaram, ela lembrou 'ele quis chupar meu dedo do pé'; e riu sem querer. Ele não entendeu a gargalhada."

Para a Valeska, que foi tão solidária e gentil comigo neste fim de semana de cão, dedico meu poema de hoje:

Inquieto

Inquieto.
Estou transbordante de inquietação.
A vida inunda as artérias,
O ano começa a se esvair pelos dedos
Minh'alma por fazer incomoda.

Um pedaço de dor, um caco de dúvida, tanto faz,
É preciso vestir os olhos com roupas
Secas e quentes,
Beijar a borda do copo do amor
Ao menos uma vez.
Verões e crepúsculos abafados,
Por que trazem o sangue do mundo ao céu?
Não queremos sangue,
Queremos é a linfa transparente
Do mergulho no sim.

Porque homens e mulheres
Estão repletos de poeira
E desejam sair das masmorras de ar refrigerado
Para a luz das nuvens bem torneadas.
O sol e a cor definitiva
Não mais nos servem --
Melhor calar a certeza nos lábios
E beber a natureza nos bares sob as estrelas.

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