O homem é um ser trágico, que ama e morre, vivendo entre esses dois quadrantes, escreveu Nelson Rodrigues. Sob essa perspectiva -- e lembrando que a morte é nossa única certeza -- podemos pensar na vida como uma longa e lenta caminhada para o cadafalso, seja ele qual for. Não necessariamente uma caminhada triste, porque na verdade não sabemos onde está o patíbulo nem que processo foi escolhido para nós. Daí o nome um tanto lúgubre deste blog (que, entretanto, não pretende ser para baixo. Longe disso). Cadafalso também é o título de um velho poema que postarei em breve. Mas permitam que me apresente. Sou André Machado, 38, jornalista (atualmente repórter do caderno Informática Etc de O Globo), poeta e, de vez em quando, músico. Depois de ver tantos amigos se blogarem, não resisti à tentação e fiz um para mim. Vamos ver o que acontece ;-) Minha primeira idéia é usá-lo como veículo para publicar meus poemas (que escrevo há muitos anos) e debatê-los. Por falar nisso, aí vai um, para começar...
Bordado
E tudo fica imperceptivelmente quieto
E eu fico só
Bordando uma poesia quieta.
Não percebo quando chegas
Mas sei que não pretendes falar-me
Bem sei que não pretendes falar-me
E assim prossigo no vaivém da agulha.
Então, quando a cera da última vela se derrete,
E, missão cumprida, faço que vou me levantar,
Deténs-me e beijas-me as pálpebras pesadas
E, antes que eu possa retribuir,
Voltas a ser apenas chuva.
O que me resta então
Senão voltar a bordar poesias?
Amanhã tem mais...
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