Para rir no feriado. É antiga, mas muito boa ;-) Recebi por e-mail.
"Por que o frango cruzou a estrada?
1. CRIANÇA: Porque queria chegar do outro lado da estrada.
2. PROFESSORA PRIMÁRIA: Porque sim.
3. POLIANA: Porque estava feliz.
4. PLATÃO: Porque buscava alcançar o Bem.
5. ARISTÓTELES: É da natureza dos frangos cruzar a estrada.
6. NELSON RODRIGUES: Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado.
7. MARX: O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.
8. MOISÉS: Uma voz vinda do céu bradou ao frango: "Frango! Cruza a estrada!" E o frango cruzou a estrada e todos se regozijaram.
9. CAPITÃO KIRK: Para ir onde nenhum frango jamais esteve
10. MARTIN LUTHER KING: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos serão livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.
11. MAQUIAVEL: A quem importa o por quê? Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os meios que utilizou para isso.
12. FREUD: A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de sua insegurança sexual.
13. LUKE SKYWALKER: Porque a força estava com ele.
14. DARWIN: Ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm sido selecionados naturalmente, de modo que, agora, têm uma predisposição genética a cruzar estradas.
15. EINSTEIN: Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo.
16. FHC: Porque ele atravessou a estrada não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.
17. GEORGE ORWELL: Para fugir da ditadura dos porcos.
18. SARTRE: Trata-se de mera faticidade. A existência do frango está em sua liberdade de cruzar a estrada
19. ARTHUR ANDERSEN: De acordo com os princípios contábeis e a legislação em vigor, declaramos que a demonstração aqui apresentada foi auditada por nossos profissionais com criterioso estudo e acompanhamento, estando, portanto, de acordo com os princípios contábeis e legislação vigente, bem como com o estatuto das estradas do departamento de estradas e rodagem. Porém, o fato de o frango ter atravessado a estrada sem transitar pelo resultado ocasiona certo risco fiscal no âmbito da incidência de imposto do referido trânsito declarado em sua base de cálculo a menor. *** A Arthur Andersen não se responsabiliza pelo uso das informações aqui prestadas.
20. ACM: Estava tentando fugir, mas já tenho um dossiê pronto, comprovando que aquele frango pertence à Bahia. Quem o pegar vai ter que se ver comigo.
21. FEMINISTAS: Para humilhar a franga, num gesto exibicionista, tipicamente machista, tentando, além disso, convencê-la de que, enquanto franga, jamais terá habilidade suficiente para cruzar a estrada.
22. PDT: Para protestar contra as perdas internacionais promovidas por esse governo neoliberal e entreguista, e apoiar a renúncia de FHC já! Fora FHC!
23. MALUF: Não tenho nada a ver com isso. Pergunte ao Pitta.
24. NIETZSCHE: Ele deseja superar a sua condição de frango, para tornar-se um superfrango.
25. CHE GUEVARA: Hay que cruzar la carretera, pero sin perder la ternura jamás...
26. BLAISE PASCAL: Quem sabe? O coração do frango tem razões que a própria razão desconhece.
27. SÓCRATES: Tudo que sei é que nada sei.
28. CAETANO VELOSO: O frango é amaro, é lindo, uma coisa assim amara. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de Anô, quisera comê- lo, ...ou não!
29. DORIVAL CAYMMI : Eu acho (pausa)... Amália, vai lá ver pra onde vai esse frango pra mim, minha filha, que o moço aqui tá querendo saber...
30. CARLA PEREZ: Porque queria se juntar aos outros mamíferos."
28.3.02
27.3.02
Como diz uma velha senhora que conheço, para morrer basta estar vivo. Hoje, um jovem segurança de 38 anos morreu alvejado por assaltantes do posto do Bradesco aqui do jornal. Uma morte gratuita e estúpida, sem sentido, como estão tendo todas as vítimas desse descaso absoluto das autoridades para com a segurança dos cidadãos. Eles só sabem bater boca e a gente morre de dengue, tiro, atendimento médico precário e o escambau. Normalmente este é um blog civillizado, mas hoje é preciso dizer um grande PUTA QUE PARIU para essa situação e dar o troco a esses incompetentes nas urnas.
Eu antes trabalhei na Manchete e também houve um assalto ao posto bancário de lá. A coisa foi até pior do que no Globo, pois aqui o posto fica no estacionamento, enquanto lá ficava dentro do prédio, no subsolo de uma das portarias. Os bandidos entraram e renderam todo mundo. Um coleguinha meu, o valoroso Felipe Dias, ficou com uma arma encostada na cabeça por vários minutos. Os seguranças tiveram mais sorte, um levou um tiro na perna e foi só.
Mas a coisa agora é como aquela música do Guns'n'Roses: welcome to the jungle, baby.
Outro dia, uma vítima da violência disse no jornal a frase perfeita: "gostaria de sair daqui, mas onde é seguro?"
É foda. Muito foda.
Eu antes trabalhei na Manchete e também houve um assalto ao posto bancário de lá. A coisa foi até pior do que no Globo, pois aqui o posto fica no estacionamento, enquanto lá ficava dentro do prédio, no subsolo de uma das portarias. Os bandidos entraram e renderam todo mundo. Um coleguinha meu, o valoroso Felipe Dias, ficou com uma arma encostada na cabeça por vários minutos. Os seguranças tiveram mais sorte, um levou um tiro na perna e foi só.
Mas a coisa agora é como aquela música do Guns'n'Roses: welcome to the jungle, baby.
Outro dia, uma vítima da violência disse no jornal a frase perfeita: "gostaria de sair daqui, mas onde é seguro?"
É foda. Muito foda.
26.3.02
Convite à noite
Venha, noite, desça devagar
Caia sobre meus sentidos confusos
Hei de beber o âmbar das estrelas cadentes
E lamber o reflexo da lua nos mares.
Em vão procuro a trilha da alvorada.
Rendo-me a você e a todos os caprichos
Que porventura quiser de mim.
Venha, dancemos sobre a areia das dunas do leste
Desçamos bem fundo nas águas calmas do lago das dores sublimadas.
Arraste meus medos ao rodamoinho,
afogue a flor tão sedenta de líquido,
Aplaque o amor que rebenta nas têmporas.
Venha, noite, desça devagar
Caia sobre meus sentidos confusos
Hei de beber o âmbar das estrelas cadentes
E lamber o reflexo da lua nos mares.
Em vão procuro a trilha da alvorada.
Rendo-me a você e a todos os caprichos
Que porventura quiser de mim.
Venha, dancemos sobre a areia das dunas do leste
Desçamos bem fundo nas águas calmas do lago das dores sublimadas.
Arraste meus medos ao rodamoinho,
afogue a flor tão sedenta de líquido,
Aplaque o amor que rebenta nas têmporas.
25.3.02
22.3.02
Este é novinho, escrevi há alguns minutos.
Salva-me
Imagino-te na borda dos campos,
cabelos negros como os de Ligéia ao vento,
a pele alva exposta e ebuliente.
Nas tardes lânguidas do alpendre
beijei teu lábios entreabertos
e senti o gosto do doce
que tuas mãos-lírios fizeram para mim.
Oxalá pudesse ter-te infinitamente em meu colo,
e despreocupar-me dos horrores do mundo
nadando nas águas frescas e mansas de tuas pupilas.
Salva-me de mim, dama do vale;
livra-me da raiva e da angústia que engessam meu peito
devolve-me a alegria de minha inocência
em que eu me balançava na praça solitária
e me abstinha do pensar.
Salva-me
Imagino-te na borda dos campos,
cabelos negros como os de Ligéia ao vento,
a pele alva exposta e ebuliente.
Nas tardes lânguidas do alpendre
beijei teu lábios entreabertos
e senti o gosto do doce
que tuas mãos-lírios fizeram para mim.
Oxalá pudesse ter-te infinitamente em meu colo,
e despreocupar-me dos horrores do mundo
nadando nas águas frescas e mansas de tuas pupilas.
Salva-me de mim, dama do vale;
livra-me da raiva e da angústia que engessam meu peito
devolve-me a alegria de minha inocência
em que eu me balançava na praça solitária
e me abstinha do pensar.
21.3.02
Guarda-te
Até que ponto alguém pode amar?
Sinto-me como um elástico esticado ao ponto de ruptura
e posso imaginar a dor que ele sentiria
se não fosse apenas um elástico.
Eu me declarei por inteiro
E por isso cheguei
A tal estágio de tensão.
Um conselho: não digas nada ao teu amor;
guarda teus segredos
e, ao cabo de tudo,
não te sentirás tão usado e roto
ao abandonares o ringue.
Até que ponto alguém pode amar?
Sinto-me como um elástico esticado ao ponto de ruptura
e posso imaginar a dor que ele sentiria
se não fosse apenas um elástico.
Eu me declarei por inteiro
E por isso cheguei
A tal estágio de tensão.
Um conselho: não digas nada ao teu amor;
guarda teus segredos
e, ao cabo de tudo,
não te sentirás tão usado e roto
ao abandonares o ringue.
20.3.02
Nada contra a ciência, mas às vezes os cientistas tiram a graça das coisas. Descobriram que o Oráculo de Delfos era instalado sobre falhas geológicas que liberavam mesmo os gases tóxicos que provocavam as alucinações e, conseqüentemente, as obscuras profecias das pitonisas na boa e velha Grécia. Tudo bem, mas concluir por isso que os gases não eram nada sagrados é tirar toda a magia e o charme da história de um povo que viveu sempre ligado à noção de Destino. Toda a maravilhosa mitologia grega é baseada nisso. E os deuses têm seus caminhos misteriosos em todas as épocas. Ah, deixem os gases de Delfos continuarem um símbolo dos humores de Apolo!
Anos atrás, arqueólogos pesquisavam uma região do Mar Vermelho em que as marés variavam sobremaneira nos tempos biblícos, e sugeriu-se então que teria sido esse fenômeno o responsável pela famosa Divisão do Mar Vermelho durante o êxodo dos hebreus do Egito. Mas é tão legal imaginar que Moisés dividiu o mar com seu bastão, a mando de Deus...
Existem grandes feitos científicos que partiram da imaginação de seus autores. Descobertas que nasceram de simples observações criativas e geniais. Mas por que a ciência não deixa à História o quinhão de imaginação e maravilhas que lhe cabe?
Anos atrás, arqueólogos pesquisavam uma região do Mar Vermelho em que as marés variavam sobremaneira nos tempos biblícos, e sugeriu-se então que teria sido esse fenômeno o responsável pela famosa Divisão do Mar Vermelho durante o êxodo dos hebreus do Egito. Mas é tão legal imaginar que Moisés dividiu o mar com seu bastão, a mando de Deus...
Existem grandes feitos científicos que partiram da imaginação de seus autores. Descobertas que nasceram de simples observações criativas e geniais. Mas por que a ciência não deixa à História o quinhão de imaginação e maravilhas que lhe cabe?
19.3.02
O horror
1/4 de século depois
Da tempestade em sua virilha
O funcionário-modelo deslizou pelo hall da repartição
E mansamente entrou
-- Tremendo como naquela noite --
No terrível, austero aposento de tortura.
As mesas estavam onde sempre estiveram
A olhá-lo, convidativas e traiçoeiras
As máquinas de torcer miolos
Lá sussurravam, com suas teclas e seu papel timbrado
E as cadeiras, tão confortáveis! -- e no entanto
Capazes de espremer ideais, anseios tolos --
Também choraram de alegria ao vê-lo.
Mas ele, embora abalado, não lhes lançou
O mínimo olhar de soslaio que fosse,
E em seus passos de chumbo caminhou
Para o local secreto.
Parecia uma mesa como as outras
Estava, contudo, com a madeira podre e carcomida
A cadeira, paralítica,
Rasgara seu próprio espaldar de frustração
E a máquina, desdentada, gritava
E no seu estertor cuspia ferrugem.
Ele sorriu. Ali, o germe do sangue fervente
E da contradição fizera
A tortura funcionar às avessas.
Então, chorou, e as lágrimas
Caíam de seus olhos
Como bebês natimortos puxados a fórceps
(fazia um quarto de século que não chorava).
Porque ele sabia o que fizera a mesa fenecer
Abriu a gaveta e lá estava,
Coberto de arabescos criados por aranhas fantasmas,
Lá estava o poema
Que escrevera para ela
E jamais encontrado -- nunca lido
Nem ao menos rasgado num acesso de fúria.
Ele ergueu o papel
E o poema se despedaçou
E então tudo foi rápido demais
Mesmo para olhos treinados:
A mesa ficou lustrosa
A cadeira agora era giratória e reclinável
A máquina tinha tela de cristal líquido.
Os dentes-teclas desta última se arreganharam;
Ágeis, as pernas da cadeira lhe deram uma rasteira
E ele foi tragado pelo poço fumegante
que de repente se abrira no tampo da mesa.
1/4 de século depois
Da tempestade em sua virilha
O funcionário-modelo deslizou pelo hall da repartição
E mansamente entrou
-- Tremendo como naquela noite --
No terrível, austero aposento de tortura.
As mesas estavam onde sempre estiveram
A olhá-lo, convidativas e traiçoeiras
As máquinas de torcer miolos
Lá sussurravam, com suas teclas e seu papel timbrado
E as cadeiras, tão confortáveis! -- e no entanto
Capazes de espremer ideais, anseios tolos --
Também choraram de alegria ao vê-lo.
Mas ele, embora abalado, não lhes lançou
O mínimo olhar de soslaio que fosse,
E em seus passos de chumbo caminhou
Para o local secreto.
Parecia uma mesa como as outras
Estava, contudo, com a madeira podre e carcomida
A cadeira, paralítica,
Rasgara seu próprio espaldar de frustração
E a máquina, desdentada, gritava
E no seu estertor cuspia ferrugem.
Ele sorriu. Ali, o germe do sangue fervente
E da contradição fizera
A tortura funcionar às avessas.
Então, chorou, e as lágrimas
Caíam de seus olhos
Como bebês natimortos puxados a fórceps
(fazia um quarto de século que não chorava).
Porque ele sabia o que fizera a mesa fenecer
Abriu a gaveta e lá estava,
Coberto de arabescos criados por aranhas fantasmas,
Lá estava o poema
Que escrevera para ela
E jamais encontrado -- nunca lido
Nem ao menos rasgado num acesso de fúria.
Ele ergueu o papel
E o poema se despedaçou
E então tudo foi rápido demais
Mesmo para olhos treinados:
A mesa ficou lustrosa
A cadeira agora era giratória e reclinável
A máquina tinha tela de cristal líquido.
Os dentes-teclas desta última se arreganharam;
Ágeis, as pernas da cadeira lhe deram uma rasteira
E ele foi tragado pelo poço fumegante
que de repente se abrira no tampo da mesa.
18.3.02
Também vi no vídeo este fim de semana "Coração de cavaleiro", um filme levinho sobre justas. O legal mesmo são as cenas medievais regadas a música contemporânea. Como "We will rock you" cantada pela turba na arena de justas, logo na abertura. Mas a cena mais divertida deste tipo é a dança do banquete, que começa com uma daquelas musiquinhas medievais manjadas e de repente, sem aviso, vira a ótima "Golden years", do David Bowie.
Estava revendo ontem uns pedaços de "O poderoso chefão", que passou no AXN. A cena em que Michael Corleone (Al Pacino) mata a tiros o turco Sollozzo e o capitão de polícia corrupto McCluskey continua sendo um dos pontos altos do filme. Mas no livro ela é muito melhor, descrevendo as sensações de Michael sobre o blablablá do rival da família enquanto eles comem sossegadamente num restaurante italiano discreto. Aliás, embora Pacino esteja contido e irrepreensível no filme, jamais imaginei que ele fosse o ator para este personagem, pois no livro de Mario Puzo Michael é descrito como o mais americano dos filhos de Vito Corleone, inclusive na aparência meio WASP. O livro é uma obra-prima sobre o submundo mafioso.
15.3.02
Últimas palavras célebres (parte 2)
"Aquele cara tem que parar... Ele vai nos ver." (James Dean)
"O nevoeiro está subindo." (Emily Dickinson)
"Shakespeare, aí vou eu." (Theodore Dreiser)
"Tudo o que possuo, por um momento do tempo." (Elizabeth I)
"Nunca me senti tão bem." (Douglas Fairbanks)
"Isto é engraçado." (Doc Holliday)
"Aquele cara tem que parar... Ele vai nos ver." (James Dean)
"O nevoeiro está subindo." (Emily Dickinson)
"Shakespeare, aí vou eu." (Theodore Dreiser)
"Tudo o que possuo, por um momento do tempo." (Elizabeth I)
"Nunca me senti tão bem." (Douglas Fairbanks)
"Isto é engraçado." (Doc Holliday)
Uma lágrima
Desta vez
Nada substituirá a luz.
Entre os corredores obscuros da morte
Minhas múltiplas almas
Vagueiam como caleidoscópios
À procura de uma lágrima perdida.
Um jogo de espelhos
Infla fios tênues
Costurados por sussurros de agonia
E compaixão.
Mas ninguém me concede misericórdia
E o nirvana que me olha de rabo de olho
Num quartzo de segundo vira seiva pútrida
De um verso corroído pela musicalidade.
É um labirinto, eu sei,
Mas eu não quero alcançar o vale
Pois que o ruído do lamento me atrai
E naquela poça de musgo e pecado
Pode estar minha lágrima-semente.
E assim giro e cambaleio,
E te amo e desprezo,
E quebro pedestais de plástico.
Desta vez
Nada substituirá a luz.
Entre os corredores obscuros da morte
Minhas múltiplas almas
Vagueiam como caleidoscópios
À procura de uma lágrima perdida.
Um jogo de espelhos
Infla fios tênues
Costurados por sussurros de agonia
E compaixão.
Mas ninguém me concede misericórdia
E o nirvana que me olha de rabo de olho
Num quartzo de segundo vira seiva pútrida
De um verso corroído pela musicalidade.
É um labirinto, eu sei,
Mas eu não quero alcançar o vale
Pois que o ruído do lamento me atrai
E naquela poça de musgo e pecado
Pode estar minha lágrima-semente.
E assim giro e cambaleio,
E te amo e desprezo,
E quebro pedestais de plástico.
13.3.02
O túnel
No fim do túnel há uma câmara
Onde talvez se achem diamantes
Mas a saída, não há jeito de encontrar,
Porque os diamantes são labirintos de luz
E, se o rio que chacoalha pelas veredas de pedra
Chamar com suas melodias progressivas,
Nade até as quedas e mergulhe em parafuso
Nas entranhas de mim,
Bem fundo, mais e mais fundo,
E cumpra o ciclo.
Porque eu sou o túnel.
No fim do túnel há uma câmara
Onde talvez se achem diamantes
Mas a saída, não há jeito de encontrar,
Porque os diamantes são labirintos de luz
E, se o rio que chacoalha pelas veredas de pedra
Chamar com suas melodias progressivas,
Nade até as quedas e mergulhe em parafuso
Nas entranhas de mim,
Bem fundo, mais e mais fundo,
E cumpra o ciclo.
Porque eu sou o túnel.
8.3.02
Infiel II
E, enquanto você está longe,
Caio nos braços dessa amante insaciável
-- a poesia --
Arredia e complicada
A quem busco nas horas de reajuste.
Ela, porém, sabe me fazer de tolo
E, não demora muito, se faz lânguida e longínqua
Ante toda a nossa inconseqüência, de regresso,
E essa maravilhosa incursão boca a boca.
E, enquanto você está longe,
Caio nos braços dessa amante insaciável
-- a poesia --
Arredia e complicada
A quem busco nas horas de reajuste.
Ela, porém, sabe me fazer de tolo
E, não demora muito, se faz lânguida e longínqua
Ante toda a nossa inconseqüência, de regresso,
E essa maravilhosa incursão boca a boca.
6.3.02
Graal profano
(para A., que move ondas e marés dentro de mim)
Como aplacar a infinita tristeza de teus olhos na noite pândega?
Desejo fazê-los perder a timidez e sorrir para mim, mas tenho medo.
Como apaziguar a dor fervente em tua boca de palavras fugazes?
Tudo em ti é belo; amo tua carne e tua alma ao mesmo tempo
Mas uma sombra perpassa tua vida.
Desejo arrancá-la de tua aura e vituperá-la até que se dissipe
e trazer teu verdadeiro eu para mim, e beijá-lo.
Ser guardião dos teus olhos: eis meu graal profano
em cuja busca passarei os dias que me restam.
(para A., que move ondas e marés dentro de mim)
Como aplacar a infinita tristeza de teus olhos na noite pândega?
Desejo fazê-los perder a timidez e sorrir para mim, mas tenho medo.
Como apaziguar a dor fervente em tua boca de palavras fugazes?
Tudo em ti é belo; amo tua carne e tua alma ao mesmo tempo
Mas uma sombra perpassa tua vida.
Desejo arrancá-la de tua aura e vituperá-la até que se dissipe
e trazer teu verdadeiro eu para mim, e beijá-lo.
Ser guardião dos teus olhos: eis meu graal profano
em cuja busca passarei os dias que me restam.
5.3.02
They called the family doctor to see what he could do
Doc said "No you can't cure his soul
Once he's infected with the blues"
So I travelled 'round from town to town singin' out the news
I was vaccinated with a little needle
And I'm hooked on rock and roll!
(...)
Mama told me long ago
"Ain't no future in that rock 'n' roll"
And I said "Hey mama, it's burnin' hot inside my soul"
It's like a fever that won't cool down
I've been addicted since I heard that sound
I was vaccinated with a little needle
And I'm hooked on rock and roll!!!!!!!
("Hooked on rock and roll", Peter Criss/Stan Penridge/Vini Poncia)
Doc said "No you can't cure his soul
Once he's infected with the blues"
So I travelled 'round from town to town singin' out the news
I was vaccinated with a little needle
And I'm hooked on rock and roll!
(...)
Mama told me long ago
"Ain't no future in that rock 'n' roll"
And I said "Hey mama, it's burnin' hot inside my soul"
It's like a fever that won't cool down
I've been addicted since I heard that sound
I was vaccinated with a little needle
And I'm hooked on rock and roll!!!!!!!
("Hooked on rock and roll", Peter Criss/Stan Penridge/Vini Poncia)
4.3.02
3.3.02
Do toque
Ela emitiu um silvo quase inaudível
quando ele tocou seu seio pela primeira vez
e entreviu o corpo perfeito que seria seu.
A vertigem veio; os dois não passavam de animais
intoxicados por feromônios da savana.
Marcaram território em todos os lugares do prédio
-- na portaria às escuras, nas escadas, no elevador, na garagem...
Foi quando os flagraram no salão
que ele despertou do sonho, ofegante.
Olhou para suas mãos enrugadas
E para o rosto dela, sulcado de preocupações.
Os dois erodidos pelos anos juntos.
Mas ele respirou, sorriu,
E com infinito cuidado
Tocou seu seio, exatamente como naquela noite de brisa.
Ela emitiu um silvo quase inaudível
quando ele tocou seu seio pela primeira vez
e entreviu o corpo perfeito que seria seu.
A vertigem veio; os dois não passavam de animais
intoxicados por feromônios da savana.
Marcaram território em todos os lugares do prédio
-- na portaria às escuras, nas escadas, no elevador, na garagem...
Foi quando os flagraram no salão
que ele despertou do sonho, ofegante.
Olhou para suas mãos enrugadas
E para o rosto dela, sulcado de preocupações.
Os dois erodidos pelos anos juntos.
Mas ele respirou, sorriu,
E com infinito cuidado
Tocou seu seio, exatamente como naquela noite de brisa.
2.3.02
Últimas palavras célebres (parte 1)
"Amigos, aplaudam. A comédia terminou." (Beethoven)
"Espere até que eu resolva meu problema!" (Arquimedes)
"Agora vem o mistério." (Henry Ward Beecher)
"Meus olhos desejam somente a ti. Adeus." (Catarina de Aragão)
"Faz muito tempo que não tomo champanha." (Tchekov)
"Estou entediado." (Gabrielle D'Annunzio)
"Mostre minha cabeça ao povo. Vale a pena vê-la." (Danton)
"Amigos, aplaudam. A comédia terminou." (Beethoven)
"Espere até que eu resolva meu problema!" (Arquimedes)
"Agora vem o mistério." (Henry Ward Beecher)
"Meus olhos desejam somente a ti. Adeus." (Catarina de Aragão)
"Faz muito tempo que não tomo champanha." (Tchekov)
"Estou entediado." (Gabrielle D'Annunzio)
"Mostre minha cabeça ao povo. Vale a pena vê-la." (Danton)
1.3.02
Escapada
Beijo teu ombro
E deixo nele a marca da maldade.
Poderás viver sem o barulho de meus guizos por perto?
Alisas meu pêlo, distraída,
ao mesmo tempo que queres me tomar meu desejo.
Mas ele não é teu para que o tomes;
por isso despeço-me furtivamente
com um roçar de presas
e um olhar que te parece doce,
mas encerra as safiras da ironia.
Até o próximo leite quente, amor -- no inferno.
Beijo teu ombro
E deixo nele a marca da maldade.
Poderás viver sem o barulho de meus guizos por perto?
Alisas meu pêlo, distraída,
ao mesmo tempo que queres me tomar meu desejo.
Mas ele não é teu para que o tomes;
por isso despeço-me furtivamente
com um roçar de presas
e um olhar que te parece doce,
mas encerra as safiras da ironia.
Até o próximo leite quente, amor -- no inferno.
T(r)emores
Quedo-me quieto a seu lado.
As palavras fogem, a garganta seca
Paixão silente, tão tímida
Buscando ecos, vagando sedenta de frestas
Vales úmidos no seu peito indevassável.
Perco-me em cismas quentes e fugidias,
Medos e rodas vivas de angústia,
Vazios estranhos de olhos sem fundo.
Revelo ao inferno um só desespero,
Busco os demônios que me fizeram inerte
Sou dono da sina da eterna pergunta
Do gosto amargo do inesperado
...Os poros das mãos se inundam de suor
O corpo me queima, deserto de sangue,
Temendo uma nova, terrível explosão.
Quedo-me quieto a seu lado.
As palavras fogem, a garganta seca
Paixão silente, tão tímida
Buscando ecos, vagando sedenta de frestas
Vales úmidos no seu peito indevassável.
Perco-me em cismas quentes e fugidias,
Medos e rodas vivas de angústia,
Vazios estranhos de olhos sem fundo.
Revelo ao inferno um só desespero,
Busco os demônios que me fizeram inerte
Sou dono da sina da eterna pergunta
Do gosto amargo do inesperado
...Os poros das mãos se inundam de suor
O corpo me queima, deserto de sangue,
Temendo uma nova, terrível explosão.