5.9.03

A seta de Eros

Eu a observo
e reflito: como fazê-la entender
que sou eu quem procura?
que somos as peças que se encaixam
em nossas almas tateantes?

Relato maravilhas
para entreter sua noite sem fim.
Scheherazadicamente
forjo as tessituras das histórias
como quem maneja uma harpa de cristal quebradiço.

Mas os círculos negros de seus olhos me perturbam
e sobrevém o silêncio fatal
em que as idéias se afogam
e resta apenas a seta de Eros a fustigar os mamilos.

Ah, será uma longa jornada até o entendimento.
E provavelmente ele virá quando a primeira terra
cair sobre o esquife do poeta.

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