28.11.02

Este post vai com antecedência porque estarei viajando a partir de amanhã. Volto semana que vem, a tempo para a festa.

Como já disse aqui, vou comemorar meus 40 anos dançando ao som de muito rock and roll. Também comemorará seu niver minha querida Alessandra Archer. A festa vai ser na semana que vem, sexta-feira, dia 6 de dezembro, na Spin, a partir de cerca de 22h30, onde o DJ será meu chapa Gustavo de Almeida, rocker dos bons. A Spin fica na rua Teixeira de Melo, 21, em Ipanema. É a primeira transversal logo que se chega na praia. O ingresso custa R$ 5, a consumação, R$ 7.
A propósito, eis as músicas nas paradas dos EUA de 4 décadas atrás:

Telstar by Tornadoes
Big Girls Don't Cry by Four Seasons
Peppermint Twist by Joey Dee & the Starliters
Hey! Baby by Bruce Channel
I Can't Stop Loving You by Ray Charles
Duke of Earl by Gene Chandler
Sherry by Four Seasons
Roses Are Red by Bobby Vinton
Soldier Boy by Shirelles
The Twist by Chubby Checker

Falta menos de uma sema para os "enta"... Contagem regressiva ;-))

25.11.02


Do calor da batalha saltei para os campos elíseos
e lá teus olhos cauterizaram minha alma desorientada;
Pobre de mim, eu que esquecera tua boca ebuliente
e troquei nossa vila, quando morreste, pelas hostes selvagens.

E no anonimato das coortes
minha espada bebeu do sangue de muitos
em terras que depois de nossa passagem
chamaram de devastadas;
tornei-me um soldado obtuso, brutal,
e dentro de mim se esfumaram
as lembranças de teu corpo nu
e de tuas palavras sussurradas
à sombra dos ciprestes.

E só agora, colhido num golpe traiçoeiro,
como que ressuscito para cair em teus braços
e me tornar novamente um homem completo.

22.11.02

O Gustones já pôs no blog dele e eu começo a reforçar aqui. Dia 6 de dezembro, uma sexta-feira, vou comemorar meus 40 aninhos (a data oficial é 4/12) na Spin (R.Teixeira de Melo, 21, Ipanema), com o próprio Gustones como o super-DJ. Também comemorará seu niver junto comigo minha grande amiga Alessandra Archer. Pretendo iniciar meu caminho nos "enta" dançando a noite toda ao som de muito rock and roll. No fim da semana que vem farei um post oficial sobre o agito.
Estava lendo hoje o Dapieve no Globo e no finalzinho ele recomenda a série "As Cruzadas" apresentada pelo ex-Monty Pithon Terry Jones, que o Discovery Channel está reprisando (ela também passou no People+Arts). Realmente, o documentário é sensacional: Jones refaz o trajeto dos cruzados enquanto conta a história com um humor e uma visão ímpares. Há tempos li um calhamaço sobre o tema, que enfoca as primeiras expedições ao Oriente Médio e os anos do reino franco-cristão no Oriente após a queda de Jerusalém (foi um verdadeiro massacre) em 1099.
Aliás, vale refletir hoje sobre a história das cruzadas, porque, não sei se vocês já se deram conta, mas neste começo de século XXI os infiéis agora somos nós, ocidentais, sobre quem paira a cimitarra do Islã. Ai de quem pensava que o fim da Guerra Fria traria suspiros de alívio ao planeta. Que nada -- a tal nova ordem anunciada por Bush pai está redundando nisso. Imagine quando esse congresso américo-republicano tomar posse em Washington.

21.11.02

Ontem eu e Wal levamos Rebeca, nossa filha caçula (sete anos), ao cinema para ver "Pequenos espiões 2". Jessica, a mais velha, estava viajando desde segunda com a turma da escola num hotel-fazenda em SP (o retorno era ontem no fim do dia e o ônibus só chegou a Niterói meia-noite, quando já estávamos arrancando os cabelos de preocupação ;-))). Mas tudo acabou bem).
O filme é uma bobagem só, bem infantil mesmo. Rebeca, é claro, adorou e riu horrores (eu também ri muito, confesso). Quem fez o maior sucesso foi Ralph, a baratinha eletrônica que serve de assistente ao irmão caçula da dupla de pequenos espiões. Ei-la:



A baratinha já virou brinquedo vendido na Amazon e pode ser baixada como virtual pet no site do filme.

17.11.02

"O ridículo não existe; os que ousaram desafiá-lo de frente conquistaram o mundo."

(Octave Mirbeau)

16.11.02

Na baía

Meus pensamentos cortam as águas
junto com a velha embarcação.
O vento leva meus cabelos para trás
exatamente como você fez
no último instante
delicadamente.

Olho as montanhas preguiçosas ao sol
e eis que suas formas surgem beijando o azul;
que doce obsessão.

Oxalá fosse mil e quinhenhtos e pouco;
oxalá visse a baía cristalina e povoada sob as ondas;
assim, em outro tempo,
nada haveria a cicatrizar
e eu seria livre entre os simples.

Mas ainda não descobriram as fímbrias do tempo para puxá-las
e tenho de me conformar
e embalar minha saudade na travessia.

14.11.02

Um beijo especial do Guardião deste Cadafalso para a Miss Daisy, cujo Turista Acidental fez anos dia 11!
Parabéns e muitas blogadas de vida!
Estou sem tocar desde o final de outubro, aguardando uma chamada do meu parceiro Hélcio, que está trocando seus locais de trabalho. Não vou mentir: faz uma falta danada pegar na guitarra e mandar ver. Ainda mais que os shows com a banda Swing Rio estavam animados, com Marcos na batera, Tony no solo, Juninho no baixo e a Mariana no vocal.
Uma vez que você experimenta a música, o palco, a adrenalina de um show, está fisgado para sempre. Não importa se vai ser físico nuclear ou neurocirurgião depois, as notas ficam dentro da alma até o fim. Eu não ligo para fazer gravações, arranjar detalhes, etc e tal. Gostava de compor (quando ainda tinha inspiração para isso, compus um monte de músicas, praticamente todas as de minha velha banda, o Estrada Fróes. O Hélcio sabe todas de cor até hoje, mas eu já esqueci muita coisa... ) e gosto de tocar ao vivo.

12.11.02

Um grito materialista, mas belo, de Álvares de Azevedo, olhem:

"Calai-vos, malditos! a imortalidade da alma? pobres doidos! e porque a alma é bela, porque não concebeis que esse ideal posse tornar-se em loco e podridão, como as faces belas da virgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! nunca velada levastes porventura uma noite a cabeceira de um cadáver? E então não duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e aquela fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrires, que era apenas o ópio do sono que emudecia aquele homem? Imortalidade da alma! e por que também não sonhar a das flores, a das brisas, a dos perfumes? Oh! não mil vezes! a alma não é, como a lua, sempre moça, nua e bela em sua virgindade eterna! a vida não é mais que a reunião ao acaso das moléculas atraídas: o que era um corpo de mulher vai porventura transformar-se num cipreste ou numa nuvem de miasmas; o que era um corpo do verme vai alvejar-se no cálice da flor ou na fronte da criança mais loira e bela. Como Schiller o disse, o átomo da inteligência de Platão foi talvez para o coração de um ser impuro. Por isso eu vo-lo direi: se entendeis a imortalidade pela metempsicose, bem! talvez eu creia um pouco: — pelo Platonismo, não!"

("Noite na taverna")

8.11.02

Da "Balada do Cárcere de Reading", de Wilde:

"No cárcere de Reading junto a Reading Town
Há um fosso de má fama,
E nele jaz um desgraçado a quem devoram
Cruéis dentes de chama.
Jaz num sudário ardente, e o mísero sepulcro
Seu nome não proclama."

7.11.02

O gesto

Dedilhou-a
como quem experimenta o primeiro acorde;
suas mãos tremeram
e houve alguma dor no som abafado do choque de espectros.

Mas a frase seguinte foi mais doce
e ele se viu pensando em cantar
(não fosse ela rir da ousadia)
enquanto a abraçava, comovido.

Pois ela enxergara
a fenda em sua alma
e não tivera medo de se atirar nela.

Como não amá-la até a última reencarnação?

6.11.02

É hoje. Um ano deste Cadafalso! Com bolo e tudo!

5.11.02

Vocês devem estar se perguntando porque a mexida geral, tanto aqui quanto lá no Cadafalso II.
Na verdade, já anunciei o motivo, discretamente, no outro blog. Amanhã, dia 6/11, é o aniversário deste Comentários e Versos do Cadafalso. No fim da tarde deste dia, em 2001, minha amiga Elis me flagrou montando a página e fez uma algazarra na redação, pois vinha me incentivando a cair na blogagem fazia um bom tempo. Deu no que deu. De lá para cá, fiz amigos e amigas e o escrevinhar diário (ou quase) destas linhas me inspirou a criar poemas, minicontos e até uma blognovela. Queria agradecer efusivamente aos que visitam este Guardião e trocam idéias com ele. Um brinde a todos vocês.
Eis aqui o primeiro poema que publiquei em 6 de novembro de 2001, o pontapé inicial de uma jornada que espero, de algum modo, não tenha fim. Porque podemos ser finitos, limitados por este cadafalso terrestre, mas o que toca nossas almas não é.

Bordado

E tudo fica imperceptivelmente quieto
E eu fico só
Bordando uma poesia quieta.
Não percebo quando chegas
Mas sei que não pretendes falar-me
Bem sei que não pretendes falar-me
E assim prossigo no vaivém da agulha.
Então, quando a cera da última vela se derrete,
E, missão cumprida, faço que vou me levantar,
Deténs-me e beijas-me as pálpebras pesadas
E, antes que eu possa retribuir,
Voltas a ser apenas chuva.
O que me resta então
Senão voltar a bordar poesias?
"Amar é mudar a alma de casa".

Mário Quintana

1.11.02

A Vida entrou no restaurante
e deixou a chuva lá fora.
A Beleza ria; o Prazer acendia seu cigarro
enquanto lhe sussurrava uma história.

Só o Tempo olhava de um canto,
batucando ritmadamente na mesa.
Mas ninguém lhe deu atenção.

Então veio a Música
e misturou todos os convivas
ora lânguida
ora rápida e contagiante
ora triste e nostálgica
ora solene.

Vendo o baile, o Tempo decidiu não mais passar
e foi embora dali.
E é por isso que hoje,
quando nos sentamos ao redor de uma mesa
e admiramos nossas amigas
e rimos com todas as bobagens que rodopiam pelo ar
e dançamos
e nos sentimos vivos após uma semana estafante,
agarramos um pedacinho da eternidade.
E nossa alma baila diáfana e vaporosa pelas esferas fora dos relógios.
Minha amiga e short-story partner Crib Tanaka acabou de virar colunista do site Bolsa de Mulher. Ela merece, pois é uma das pessoas mais legais que conheço. Este Guardião lhe deseja muito sucesso, Cribaby.