23.3.05

É isso aí, moçada.

"AUMENTO ZERO NÃO
Jornalistas lotam o Sindicato e decidem lutar contra tese xiita


Um evento como há muito não se via no Rio de Janeiro. Auditório lotado, os jornalistas profissionais deram um show de solidariedade e mobilização na assembléia da noite de ontem. Por praticamente unanimidade, foram rejeitadas as propostas patronais de rádio e TV e jornais e revistas de aumento real zero em 2005. A tentativa dos patrões de dividir os jornalistas, propondo abonos diferenciados, foi reprovada. A assembléia autorizou o Sindicato a fechar um acordo somente se os patrões deixarem o radicalismo de lado e entenderem que temos direito a aumento real para compensar um sacrifício que dura quatro anos, com reajustes inferiores à inflação.
A assembléia autorizou o Sindicato carioca a iniciar um movimento com o Sindicato de São Paulo para alertar a opinião pública a respeito do desinvestimento nas redações e na qualidade do jornalismo. Em São Paulo, os jornalistas de jornais e revistas conseguiram um aumento real além dos abonos, mas o acordo com rádio e TV não foi fechado, apesar de a data-base ser em dezembro, porque lá também eles insistem no mesmo radicalismo: zero de aumento real. No caso do Rio o radicalismo é ainda mais incompreensível porque os veículos tiveram um desempenho em 2004 superior à média nacional. Em um ano o aumento do faturamento bruto com publicidade foi de 33,15% nas TVs, 20,61% nos jornais e 37,91% nas rádios.
Os patrões insistem no princípio xiita do aumento zero em vez de se abrirem ao diálogo (como sempre fizemos) e aproveitarem o momento favorável da economia para começar a pagar sua dívida conosco. Por aceitarmos reajustes inferiores à inflação nós acumulamos, em quatro anos, perdas que somam 11,99% na mídia impressa e 14,5% nas emissoras. Sem contar a inflação de 5,8% do último ano. A assembléia considerou a proposta de aumento real zero um radicalismo sem sentido e rejeitou um acordo só com esmolas, ou melhor, abonos. Por mais interessante que pareça em um primeiro momento, todos sabemos que abono vira pó rapidamente. Precisamos começar a repor as perdas que aceitamos em nome de uma recessão que não existe mais.
O momento é de mobilização e o sucesso do nosso movimento depende de você. A assembléia de ontem mostrou que os jornalistas querem lutar por qualidade de vida. Se você acha que chegou a hora de parar de perder salário, aceite o desafio de convencer seu colega, seu chefe, seu editor e a direção de sua empresa de que nossa reivindicação é simplesmente justa. Os representantes patronais têm argumentado que o momento brasileiro é bom, o desempenho do setor foi sensacional, mas não podem dar aumento porque não sabem como será o futuro. Mas não é assim mesmo que as coisas funcionam? Por acaso só teremos direito a aumento quando eles tiverem uma lâmpada de Aladim ou uma bola de cristal para adivinhar um futuro eternamente grandioso?
É importante você saber que não estamos falando de futuro, mas de um ano de grande desempenho positivo das empresas, de fevereiro de 2004 a janeiro de 2005. E de quatro anos de perdas passadas. Quando aceitamos as perdas, não usamos o argumento ridículo de que o futuro seria melhor. Se a economia brasileira piorar no futuro, saberemos, como sempre, agir com flexibilidade e dividir o prejuízo. Mas agora temos direito à divisão de um bolo que cresceu muito. A maioria das categorias profissionais no Brasil tem conseguido aumentos reais em função disso. Não há motivo para discriminação contra os jornalistas. Não somos categoria de segunda.
Mobilize sua redação, chame o colega para a discussão, fortaleça sua categoria e prestigie seu sindicato. Faça reuniões, debata, pressione. Use os adesivos que vamos distribuir contra o radicalismo do aumento real zero. Prepare-se para a próxima assembléia, que vamos convocar provavelmente na próxima semana. Vamos dizer que os jornalistas do Rio decidiram não trocar seus direitos e sua dignidade por abonos passageiros. E que não concordamos com um radicalismo absurdo que prega o aumento zero em tempo de vacas magras ou gordas. Não ao aumento zero!


Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro"

22.3.05

Fui ao show do Lenny Kravitz ontem. O cara é muito bom, mas sua banda é simplesmente inacreditável. A baterista, Cindy Blackmon, bate melhor que muito batera por aí. Que preparo físico. O guitarista solo, Craig Ross, dá a pimenta carnal do rock à levada soul/funk do baixista Jack Daley. Um Showzão, assim mesmo, com S maiúsculo.

Kravitz é fã do Kiss e as guitarras pesadas dos anos 70 (década em que ainda se sabia tocar guitarra de verdade) ecoam em sua música. Em dado momento, ele cantarolou um "Eh-he-he-hey-yeah" e pensei que fosse tocar "I love it loud", mas emendou um de seus petardos roqueiros.

19.3.05



Com Sérgio, Luizinha e Tielli na festa da Bia Rónai, sábado passado. Foi um agito só.
Minha doce Elisinha está de molho, com o pé dodói, lá em Bom Jesus. Querida, espero que você melhore logo e volte para a redação em breve; o dia-a-dia nunca é o mesmo sem você.

Miss you dearly.
A Crib Tanaka, com quem estou escrevendo uma nova história, bem devagarinho, finalmente abriu um blog próprio. Demorô.

Está aqui.
Já se passaram duas semanas, mas eu queria saudar aqui mesmo assim a chegada do Pedro, filho de minha querida Alessandra Archer, que está numa fase maravilhosa de sua vida.

Alessandra, parabéns e que vocês todos sejam muito felizes.

Um beijo de seu amigo eterno, que está com muita saudade.
Hoje o "carpe diem" é a ordem na sociedade do tecno-capital; agarre o momento porque amanhã ele pode não mais existir. As celebridades que não têm nada a dizer já são famosas por bem menos de quinze minutos e as tecnologias se sucedem avassaladoras, sem misericórdia, maravilhando e às vezes assustando um pouco em sua voragem.

Mas, como eu sempre digo aos amigos, não há nada como conseguir, de vez em quando, ver as coisas pela primeira vez.

Ora, dirá você, mas hoje todo mundo já viu tudo.

Pode ser, responderei. Mas para mim tem uma coisa que jamais se repete e é uma das delícias de estar vivo: fazer uma nova amizade. Assim como quem não quer nada, num encontro casual, no meio do dia.

Ontem isso aconteceu comigo: eu já conhecia a pessoa, mas ainda não sentara para conversar com ela com mais profundidade. E ontem isso foi possível. O papo fluiu como o mar, em todas as direções, despreocupado, senhor de si, imprevisível. Rimos; falamos de nossos passatempos e aspirações; do trabalho; das angústias que afligem nossos cérebros bombardeados por tanta informação; dos sonhos e da vontade de aprender sempre mais; e eu, que acordara mal-humorado por estar duro (e por não ter recebido ainda um dinheiro com que contava), senti uma réstia de luz iluminando minha alma.

Foi tão bom, mas tão bom, que não percebemos o passar da hora. A Realidade, parafraseando Wilde em "Dorian Gray", chegou disfarçada do funcionário do restaurante onde estávamos, que apagou as luzes. Ah, que pena: tínhamos que voltar à lida.

Foi só um pequeno encontro, mas eu fiquei feliz; ando trabalhando demais e até gosto do agito do trabalho em movimento constante, mas isso também faz com que me sinta sozinho e um pouco angustiado às vezes. Conhecer um novo alguém para mitigar essa sensação é igual ao anúncio do cartão de crédito: não tem preço.

Espero que nos vejamos mais. Um brinde a estar vivo!

4.3.05

Peço desculpas pelas longas ausências; estou envolvido com vários projetos e nem sempre sobra tempo para vir cá.

Para compensar, aí vai mais um.

Dançando no mato
seu perfume colado a minhas têmporas
eu sinto a febre ascender
pela medula
e desejo namorar você
como nos eighties
quando namorar
ainda não era anacrônico.
Você é um tantinho doida
e me diz baixinho que me prefere
(ah, eu não posso com isso... ah)
e o perigo ali ao lado
torna tudo mais agudo, mais afiado
eu quero te beijar ali mesmo
e arrancar as convenções do seu corpo lindo
e tomar o lugar dos carrapichos
que povoam suas coxas.
Estou tonto
e selvagem
e descontrolado
e sozinho
à beira de um precipício tormentoso.

Venha você e sopre de mim
o barro da timidez
pois eu preciso viajar
com seu vento convidativo
e mergulhar no Estige dos amantes
que me chama
lá embaixo.