31.5.04

O tempo no Rio está horrível hoje; a noite parecia já ter caído às onze da manhã. Mas no coração do poeta o sol brilha, o tráfego de almas e automóveis na Avenida Rio Branco não importa e a redação pode esperar enquanto ele mexe no botão da sintonia fina do tempo e deixa parado no canal em que recebe o abraço com que vinha sonhando.

Aquele abraço ficou com ele, guardado no backup de seu cérebro.

28.5.04

Ontem trabalhei o dia inteiro num evento de tecnologia. À noite, porém, o trinômio boa companhia + chope + bons petiscos na night me deixou, acreditem, alguns quilos mais leve ;-)

* * *

Ralação, aliás, não faltou em maio: mil projetos e matérias ao mesmo tempo deixam qualquer um tonto. E, para complicar, meu pai foi parar no hospital (já voltou para casa, não foi nada grave, felizmente).

* * *

Saudade é como o Bolero de Ravel: a cada lembrança gostosa, a gente adiciona uma nova sonoridade, uma nova ambiência na alma.


20.5.04

Axioma: Duas horas de amizade verdadeira podem bastar para salvar uma semana inteira de dissabores.

14.5.04

Como um dervixe

O Romance é esquivo
e sempre sai à francesa;
o espelho envelhecido
é a dama de companhia
dos solitários.

E eu estou sempre só
quando a noite inunda a casa
e os infantes da vizinhança exibem
a face isenta de pecado
enquanto sonham.

Minha alma quer brincar
com os filhotes felinos
que pulam no corredor;
ela sente falta do não-pensar
e de rodopiar como um dervixe
carregando-te, linda amiga,
para o quarto rubro.

13.5.04

Além do mais, essa hipocrisia rídícula de bebida fazer mal a governo não está no mapa!

O grande vencedor da Guerra civil americana, o general (e depois presidente) Ulysses S. Grant, era bem chegado a um uísque.

Churchill também bebia muito e (talvez até por isso mesmo) manteve alto o moral britânico até a vitória final na II Guerra.

Enquanto isso, Hitler era abstêmio.


É certo que o presidente Lula deu um tiro no próprio pé ao insistir na expulsão do Larry Rohter, do NYT, mas a "matéria" dele sobre o suposto exagero de Lula na bebida é um horror. Não é uma reportagem, não se ouviu ninguém, apenas alguns artigos e trechos de entrevistas e discursos foram citados. Parece muito mais uma coluna de mexericos da candinha.

O desprezo pelo governo e pelo Brasil que se lê nas entrelinhas do texto de Rohter mereceria, porém, que o NYT escalasse outra pessoa para cobrir nosso país. O texto é eivado de preconceito, como no momento em que fala que Lula "nasceu numa família pobre, num dos estados mais pobres do país e passou anos liderando sindicatos -- um ambiente famoso pelo seu consumo pesado de álcool".

Um jornal que publica um texto podre desses bem merece ter um Jayson Blair em suas fileiras.

Que vergonha, New York Times!

9.5.04

Estou de plantão hoje. ;-(
Mas há males que vêm para bem: fui abençoado com a travessia da baía de Guanabara em meio a uma perfeita tarde de outono, com direito a sol tépido, brisa suave e o Pão de Açúcar recortado contra o azul sem mácula do céu.
Fiquei pensando que melhor do estar no Rio ou em Niterói é estar eternamente no meio do caminho, numa barca imersa nesse momento outonal digno de um van Gogh.
Acho que o filósofo Zenão de Eléia gostaria disso, se tivesse tido a chance de apreciar a paisagem.