31.8.03

Vou botar o bloco na rua.
Quem se habilita?

30.8.03

Encontro e instante

(para alguém que é pura vida, em todos os sentidos)

Despertou devagar numa praia grega
a lembrança do vinho com mel ainda em seus olhos
a dor de abandonar o sonho
como afastamos o cobertor tépido ao laçar a vida
todos os dias
para que nos arraste.

olhou o oceano perfeito
e sentiu-se velho.
então, sem mais, ela saiu da água
e mirou-o com toda a sua juventude irrequieta.

Ela se aproximou e sorriu, curiosa.
Sua pele era límpida como o marfim de Calecute
e suas palavras, melífluas e ansiosas
como o canto de certos pássaros
que ainda não perceberam seu cativeiro.

Ele ouviu maravilhado suas perguntas
e pensou em responder por artifícios.
Mas qual.
Lembrou-se de sua própria juventude distante
E preferiu fazê-la rir.

Ali, na areia onde pisara Apolo,
sua vida mudou de tom por um instante.
E ela o presenteou
com o esquecimento.
Pronto, pus mais uma família de comentários aí embaixo. Quando o Yaccs voltar, haverá duas opções para os amigos deste blog. Não dava mais para ficar só com um tipo de sistema.
Blogs, Universos em Prosa, um livro digital copyleft

Blogs, Universos em Prosa, um livro digital copyleft

Uma idéia muito legal da Rossana, de que tive a honra de participar com uma pequena declaração.

29.8.03



Na redação, a gALLera do Infoetc em foto de 2001: Luizinha, Cora, eu, Elis e Mr. Balbio.
Existem amigos que nos comovem mesmo à distância. É o caso de Alessandra Archer, com quem me sinto absolutamente incapaz de ficar chateado, mesmo sem vê-la há quase três meses. É impossível não adorar alguém capaz de escrever algo assim:

"Ela precisava falar sobre isso. Queria dizer que os sons a olhavam cabisbaixos. Às vezes desconfiavam que ela os ouvia. Mas como, se é absolutamente surda? Com os olhos castanhos avermelhados de choro ela os olhava sem calor. Queria ouvi-los, sim. Esforçava-se para entendê-los. E tudo o que conseguia era imprimir papéis e mais papéis cheios de histórias e poesias. Juntava letras com um teclado e considerava muito mais fácil do que abrir sua boca e cuspir palavras. Elaborava-as, buscando explicações para tudo o que não conseguiria nunca desenrolar em sua mudez doentia. talvez por isso seus textos vinham sempre com as mais belas e ousadas palavras. Contos tingidos de verde, aromatizados ou com sabor chocolate. Mas agora estava com um nó na garganta e só dispunha de cinco minutos para digitar qualquer coisa rápida, qualquer coisa que a desengasgasse por algum tempo. E iria fazê-lo. E estava certa de que conseguiria. E foi por isso que sua mãe a ouviu, pela primeira vez, dizendo que a amava."

Oh boy.
Este post foi feito sem fio, com a ajuda do Partner da Gradiente da tia Cora, definitivamente uma maravilha..

27.8.03

Mais uma ida e volta a Sampa, ontem, a trabalho. Estava um frio danado por lá. Felizmente o evento que fui cobrir aconteceu num hotel.
O curioso foi quando recebi o código para minha passagem para a ponte aérea: ele terminava com as letras "fique". Se eu fosse supersticioso, não voava de jeito nenhum. Mas, como acredito que a hora de se ir deste mundo já está registrada num alfarrábio qualquer em outra dimensão, não hesitei e segui em frente.
Valeu a pena: o trabalho foi tranqüilo e a companhia, agradável. Revi, além dos coleguinhas de SP, a moçada de Brasília, Recife e Belo Horizonte.

25.8.03

Entretanto, quando as hostes inimigas se aproximam, o sangue sobe junto com a determinação de resistir.
É hipnótica, vez por outra, a tentação de dizer adeus.

21.8.03

Pergunta para vocês:

Por que se diz que o amor não pode nascer de uma grande amizade, se todo amor verdadeiro se transforma, como o tempo, justamente numa amizade inabalável?

20.8.03

Lonely

O ciúme agitou-se em meus rins
na alvorada de tua decisão;
eu a queria inteira
queria a chave criptográfica de tua alma.

Mas quem há de ouvir os protestos de um poeta?
Quem leva a sério o encantador de palavras?
Teu amor me impregnou; foi meu erro.

E agora tu beijas teu futuro
e eu fito o horizonte
e choro sobre os palácios de brisa que ergui.

18.8.03

Mais uma semana "animada" no trabalho. Vou a SP e volto e tenho mil outras coisas para ver. Pelo menos o Mr. Balbio está de volta. May the Lord be praised! ;-)

14.8.03

Em agitada correria profissional nos últimos dias. A semana está recheada de matérias ;-).

11.8.03

Eu não costumo postar aqui qualquer tipo de corrente no estilo "fofinha". Mas a Alesinha, uma figura maravilhosa, me mandou um email que realmente me fez rir. Vou dividi-lo com vocês:

"Trate seu amor como você trata seu melhor amigo".

Sei que isso parece falta de romantismo, mas é o conselho mais certeiro.
Não era você que estava a fim de uma relação serena e plenamente satisfatória? Taí o caminho.
Vamos tentar elucidar como isso se dá na prática.
(...)
Você foi convidado para o casamento de uma prima distante que mora onde Judas perdeu as botas, você tem que ir porque ela chamou você pra padrinho.
Como é que os casais costumam combinar isso?
"Não tem como escapar, você vai comigo e pronto".
Ou seja, um põe o outro no programa de índio e nem quer saber de conversa.
É assim que você convidaria seu melhor amigo? Não. Você diria:
"Putz, tenho uma roubada pela frente que você não imagina. Me dá uma força, vem
comigo, ao menos a gente dá umas risadas...".
Ficou bem mais simpático, não ficou?

Como esta, tem milhões de situações chatas que você pode aliviar, apenas moderando o tom das palavras.

Pro seu marido:
"Você nunca repara em mim, não deu pra notar que cortei o cabelo? Será que sou invisível?"
Mas pra sua melhor amiga: "Ai, pelo visto meu cabelo ficou medonho e você está me poupando, né? Pode dizer a verdade, eu agüento".

Pra sua mulher:
"Você já se deu conta da podridão que está este sofá? Não dá pra ver que está na hora de trocar o tecido?"
Mas pra sua melhor amiga:
"Deixa a pizza por minha conta, eu pago, assim você economiza pra lavar o sofá. A não ser que este seja um novo estilo de decoração..." Risos, risos, risos.

8.8.03

Perguntinha: vocês não acham que os nossos irmãos argentinos estão se dando melhor por lá com o Kirchner no leme?
Também dei um alô para minha querida Alessandra Archer, que não vejo desde junho. É uma vergonha o tempo que a gente passa longe dos amigos neste mundo corrido e cercado de tarefas e dívidas por todos os lados...
Acabei de falar por telefone com o Gustones, que está acamado, praticamente imobilizado, por uma hérnia de disco terrível. Espero que você fique bom logo, meu caro, porque está fazendo falta para caramba.

7.8.03

Para quem curte ciência: entrevistei uma figura muito interessante para o "Informática etc" de segunda-feira. Acredito que vale a pena dar uma olhada no que ele diz.

E mais não conto, para não estragar a surpresa. ;-)
Vai com Deus, dr. Roberto. Faço minhas as palavras do Chico Anysio: que o Espírito ilumine seus herdeiros e lhes dê a mesma sabedoria, a mesma capacidade administrativa que o senhor teve.

* * *

A tristeza no Globo hoje me lembra a tristeza da Manchete quando perdeu Adolpho Bloch em 19 de novembro de 1995. Nunca mais vou esquecer essa data, porque no dia seguinte, meu sogro, que eu adorava, teve um enfarte fulminante. Foi um dos piores momentos da minha vida.

6.8.03

Transcrito do Globo de hoje. Pode ter passado desapercebido com Elio Gaspari e Zuenir Ventura na mesma página:

"Contas que não fecham

Antonio Conrado

Se você é um trabalhador da iniciativa privada e começou sua vida profissional antes de junho de 1989, contribuindo para receber 20 salários-mínimos quando se aposentasse, fique perplexo com o “espetáculo de injustiça” a que estamos assistindo.

Recorrendo a analogias na busca de maior clareza, pergunto se é justo você comprar, por exemplo, um apartamento de cinco quartos, pagar por diversos anos a respectiva prestação e, ao longo do tempo, o incorporador unilateralmente reduzir o tamanho do apartamento e a respectiva prestação para dois quartos.

Pergunto, respeitosamente, aos representantes dos três poderes da República que leram até aqui este despretensioso artigo: o que V. Ex. decidiria se um reclamante demandasse ou a manutenção do inicialmente acordado (cinco quartos) ou a devolução das prestações pagas em excesso (cinco versus dois quartos), ou algum critério mais justo tipo pró-rata?

Pois bem, acompanho com interesse as atuais pertinentes e necessárias discussões da reforma da Previdência e o direito de diferentes grupos defenderem os seus pleitos. É a democracia em pleno funcionamento.

Em nenhum momento, porém, li ou escutei algum membro de um partido político, de uma central sindical, do Judiciário, do Executivo, que se indignasse com a usurpação do direito e/ou expectativa de direito, nem com a apropriação indébita das contribuições feitas pelos trabalhadores que iniciaram, como disse anteriormente, sua vida profissional como empregado de uma empresa privada e pagando, insisto, contribuindo, para ter 20 salários de aposentadoria. Hoje, o teto dessas aposentadorias corresponde a 7,8 salários-mínimos.

Há jurisprudência firmada no sentido de que as condições de aposentadoria são definidas pela legislação em vigor na data de início da dita cuja. Portanto, hipoteticamente, por absurdo e no limite, se você quiser trabalhar 35 anos, e após 34 anos e 11 meses (a um mês de sua aposentadoria) mudasse a legislação com redução de sua pensão, seu benefício seria o novo valor e você receberia um sonoro adeus para aquelas contribuições pagas a maior.

Está aí uma bandeira que considero justa e que, respeitosamente, gostaria que fosse defendida pelos três poderes e pelas centrais sindicais: ou a devolução das contribuições corrigidas pagas a maior, ou a correção do benefício segundo um critério pró-rata em relação a todas as contribuições feitas. Teria uma sensação de proteção maior vendo um “radical” subindo em um caminhão de som e uma ameaça de greve de uma central sindical nessa defesa.

E para aqueles mais ligados à vida político-partidária, sugiro que alguém crie o PTIPRI, Partido dos Trabalhadores da Iniciativa Privada. Para os mais ligados ao mundo sindical, a fundação da CUTIPRI, Central Única dos Trabalhadores da Iniciativa Privada. Talvez as adesões fossem significativas."

5.8.03

La solitude est une belle chose; mais il faut quelqu'un pour vous dire que la solitude est une belle chose.

Balzac

3.8.03

Não seja esposa, nem mãe hoje. Seja apenas aquela namorada serelepe que me tirou do sério milhões de vezes. Seja inconseqüente, exuberante, engraçada, impetuosa. Faz de conta que a gente não sabe como a história termina e ainda acredita que pode muito bem não haver outro encontro amanhã, pela razão mais frívola. Não fale de sua família, nem da minha. Deixe o exame de vista da caçula para lá. Esconda os mangás da adolescente, só pra provocá-la. Não faça as contas -- matemática é antitesão.

Apenas venha cá, me abrace e cante comigo: let it roll, babe, roll... all night long.

1.8.03

Estava vendo um show do Queen na TV madrugada dessas, com a banda no auge da forma, cheia de eletricidade em seu rock and roll, quando eles tocaram "Tie your mother down". Fiquei rindo sozinho, lembrando de um show a que assisti nos anos 90 no Circo Voador, com uma banda tocando uma versão brasileira bem-humorada desta música, chamada "Traia o maridão"...

Eu estive na coletiva da banda no Rock in Rio I, em janeiro de 1985. Dos quatro, o mais simpático foi de longe o guitarrista Brian May, contando o porre que tomara no avião. May sempre me pareceu um elfo tocando guitarra, com aquela altura toda. O dele é um dos timbres mais singulares do rock.