18.11.03

Um da arca, de que gosto:

Janeiro, 1

Dançar a noite inteira
E fazer amor com o dia amanhecendo, preguiçoso,
Empurrando sua milícia de nuvens douradas para o subúrbio...
Que melhor augúrio para a nova jornada
Do que teus beijos tépidos em minha boca e em meu peito
E tuas mãos explorando indóceis a selva de meus pêlos
enquanto o tecido branco desfalece por teus ombros abaixo,
gentilmente empurrado por meus dedos,
revelando uma alvorada desconhecida de Zaratustra
e muito mais bela do que a manhã
que nos deixam ver nossos postigos?

Teus olhos pequeninos e negros, tua face angulosa
Perdida em meio à eterna revolução de tuas melenas
Tudo em ti sorri enquanto o vagaroso expresso do prazer
Movimenta suas engrenagens, delicada e depois firmemente,
seguindo em direção às rubras pradarias do interior.
Quando, passado o momento supremo da Carne,
É alcançada a subestação do Espírito,
Derramas lágrimas de mel
e derretes por fim meu último gelo,
envolvendo-me em teus braços lisos e frementes.

Beijas-me então com o afinco que sempre te envolve após o amor
E bebes, vibrante, toda a minha alma
virando-a de uma vez só, como um uísque "cowboy".

Mais tarde, quando a observo dormitar
enquanto fumo um cigarro torto antes de me recolher,
Enterneço-me de repente e me pergunto
como pude, em outro tempo,
existir e caminhar sobre a terra sem ti.

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