19.3.05

Hoje o "carpe diem" é a ordem na sociedade do tecno-capital; agarre o momento porque amanhã ele pode não mais existir. As celebridades que não têm nada a dizer já são famosas por bem menos de quinze minutos e as tecnologias se sucedem avassaladoras, sem misericórdia, maravilhando e às vezes assustando um pouco em sua voragem.

Mas, como eu sempre digo aos amigos, não há nada como conseguir, de vez em quando, ver as coisas pela primeira vez.

Ora, dirá você, mas hoje todo mundo já viu tudo.

Pode ser, responderei. Mas para mim tem uma coisa que jamais se repete e é uma das delícias de estar vivo: fazer uma nova amizade. Assim como quem não quer nada, num encontro casual, no meio do dia.

Ontem isso aconteceu comigo: eu já conhecia a pessoa, mas ainda não sentara para conversar com ela com mais profundidade. E ontem isso foi possível. O papo fluiu como o mar, em todas as direções, despreocupado, senhor de si, imprevisível. Rimos; falamos de nossos passatempos e aspirações; do trabalho; das angústias que afligem nossos cérebros bombardeados por tanta informação; dos sonhos e da vontade de aprender sempre mais; e eu, que acordara mal-humorado por estar duro (e por não ter recebido ainda um dinheiro com que contava), senti uma réstia de luz iluminando minha alma.

Foi tão bom, mas tão bom, que não percebemos o passar da hora. A Realidade, parafraseando Wilde em "Dorian Gray", chegou disfarçada do funcionário do restaurante onde estávamos, que apagou as luzes. Ah, que pena: tínhamos que voltar à lida.

Foi só um pequeno encontro, mas eu fiquei feliz; ando trabalhando demais e até gosto do agito do trabalho em movimento constante, mas isso também faz com que me sinta sozinho e um pouco angustiado às vezes. Conhecer um novo alguém para mitigar essa sensação é igual ao anúncio do cartão de crédito: não tem preço.

Espero que nos vejamos mais. Um brinde a estar vivo!

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