29.5.05

Sou poeta
e onde tu vês chuva e vento
eu vejo a fúria das esferas e cristais derretidos
Torneio palavras
e onde tu lês o fato
eu percebo a conjuração de almas impenitentes
Escolho a pena
e onde tocas a textura da tinta
eu sinto o cheiro de sangue.

Eu não tenho profissão
Eu não tenho planos
Eu não tenho a porra da sinergia
com o universo mesquinho
dos escravos engravatados
da mais-valia globalizada.

Eu sou só poeta
e o poeta, se for um navio, será sempre o Titanic
se for uma ilha, será sempre Krakatoa ou Santorini
se for um dirigível, será sempre o Hindenburg
se for uma civilização será sempre inca, maia, asteca ou sioux.

Eu sou poeta
e morro um pouco a cada verso.
Mas é isso o que ilumina o instante.

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