22.1.06

Beijo-xamã,
o teu -- opera maravilhas curativas
no fantasma ferido
que suspira sob minha carne.

Beijo-luneta
que conjura constelações
frementes
quando fecho minhas pálpebras
e me entrego.

Beijo-seqüestro
pois me arranca do velho eu
e desenha um novo cativeiro
suavemente.

Beijo-abandono
com saliva de adeus, bem sei;
pois tenho beijado
minhas próprias lágrimas
ao antever, homem infeliz que sou,
tua mão graciosa afagando
o bilhete do check-in.

Serás minha ao menos uma vez
antes de montar no pássaro de aço?
Ah, se os arcanjos queimam nas nuvens
por algo mais que devoção ao Uno
eles ouvirão minha prece sussurrada por ti
entre taças de absinto
às três da manhã.

Nenhum comentário: