26.7.06

Da correspondência de Ruprecht von Wallenstein:

"Meu prezado,

Fazia muito tempo que eu não me apaixonava assim, meio que platonicamente. Não de todo; não posso mentir. Mas é aquela qualidade de sentimento que não se quer abrir na mesa; este amor é como um ser delicado, para quem a luz do sol pode significar o fim. É um sentimento quase contemplativo, em que se é capaz de olhar a sua eleita por horas a fio, como se ela fosse um quadro pintado por um grande mestre -- um quadro móvel. E suspirar por aquela juventude, aquele frescor, aquela vida espalhada em sua volta displicentemente, sem a consciência de que os anos espreitam e o viço não durará. E vem junto com tanta afeição um desespero silencioso, um pedido secreto ao Espírito para que ela não envelheça, que seja sempre essa perfeição, que não perca sua presença, nem sua doçura. Estar vivo é estar prestes a se machucar. E eu não quero ver um traço de dor em seus braços, em seus olhos, não quero sentir o travo amargo sob as tiradas aparentemente espirituosas que só vicejam após a mágoa... É. Eu acho que vou ter de pintá-la, mesmo. Só a arte vence o pulsar impiedoso do relógio e o sadismo dos calendários... "

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi André, é a primeira vez que entro no seu blog (na verdade não era muito fã de blog não), e já encontrei esse texto muito bonito, me faz lembrar a minha noiva.

Bom só para ter uma idéia eu estou a 50 dias longe dela (ela no Rio e eu na Arábia Saudita) mas daqui a 2 meses eu volto.

Abs e parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Daniel, espero que vocês matem a saudade o quanto antes. Obrigado pela visita.
abrs