3.2.09

Casamento não é para amadores. De repente, no meio da madrugada, você pode descobrir o quão miserável tornou a vida de quem acreditava amar. E se senta na cama, murmurando para si mesmo, horrorizado.

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A propósito, o melhor filme sobre a falência de um casamento é "Foi apenas um sonho" ("Revolutionary Road"), com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. É de sair do cinema completamente arrasado.

Se, em "Beleza americana", o diretor Sam Mendes jogava com o humor em meio à tragédia, neste aqui quase não há espaço para o riso. Tudo é pesado, angustiante, tenso. E o personagem de Michael Shannon, um sujeito com problemas psiquiátricos, é quem descobre e fala a verdade, sempre. Como na frase "Vazio sem esperança. Agora você disse tudo. Muita gente sente o vazio, mas é preciso ter colhões para para ver a falta de esperança."

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O inferno da vida a dois está nos detalhes. Mas o filme mostra como esses detalhes refletem a montanha de frustrações individuais que envenenam um relacionamento. É terrível e, pior, é real.

A questão é, quando você vive só, pode passar sua vida inteira sem perceber toda essa complexidade embutida nos seus mínimos gestos; viver com alguém é dar a cara a tapa, porque essa pessoa (a não ser que seja uma completa egocêntrica) vai desnudar todos os podres de sua alma, sem piedade. Com sorte, a gente se casa com alguém que fala e bota para fora os sapos com alguma regularidade; pode ser salutar. O ruim é se casar com quem fica engolindo sapos por anos e depois regurgita tudo em cima de você. Aí o tombo é sério e paralisante.

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