3.3.02

Do toque

Ela emitiu um silvo quase inaudível
quando ele tocou seu seio pela primeira vez
e entreviu o corpo perfeito que seria seu.
A vertigem veio; os dois não passavam de animais
intoxicados por feromônios da savana.
Marcaram território em todos os lugares do prédio
-- na portaria às escuras, nas escadas, no elevador, na garagem...
Foi quando os flagraram no salão
que ele despertou do sonho, ofegante.

Olhou para suas mãos enrugadas
E para o rosto dela, sulcado de preocupações.
Os dois erodidos pelos anos juntos.
Mas ele respirou, sorriu,
E com infinito cuidado
Tocou seu seio, exatamente como naquela noite de brisa.


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