22.3.02

Este é novinho, escrevi há alguns minutos.

Salva-me

Imagino-te na borda dos campos,
cabelos negros como os de Ligéia ao vento,
a pele alva exposta e ebuliente.

Nas tardes lânguidas do alpendre
beijei teu lábios entreabertos
e senti o gosto do doce
que tuas mãos-lírios fizeram para mim.

Oxalá pudesse ter-te infinitamente em meu colo,
e despreocupar-me dos horrores do mundo
nadando nas águas frescas e mansas de tuas pupilas.

Salva-me de mim, dama do vale;
livra-me da raiva e da angústia que engessam meu peito
devolve-me a alegria de minha inocência
em que eu me balançava na praça solitária
e me abstinha do pensar.

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