9.8.02

Você, ainda

Que saudade de olhar para você no parque
E afagar seus cabelos louros
e desfiar minha vida lentamente
como penélope desfazendo sua teia no umbral.

Que saudade de ouvir sua voz
(tornando cristalino o ar impregnado
do odor de jamelões moribundos)
e de abraçar sua alma.

É uma infelicidade
não poder fazer com o tempo
o que fazemos com os discos
-- ouvi-lo de trás para a frente.

Talvez então eu não fosse indeciso
e me surpreendesse a sussurrar "eu te amo"
no meio das folhas rodopiantes.

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