25.2.03

Blue story

Alessandra Archer e André Machado

Estava treinando tons de azul para pintar um vaso de cerâmica. Possuía a doçura no olhar que ele tanto admirava. Considerava-se uma artista de valor, e era. Mas não perdera a docilidade: não fora enfeitiçada pelo vício da vaidade.

Ele estava deitado, vendo-a escrever. Não treinava os tons de azul com o pincel; buscava-os com seus alternantes estados de espírito. Um parágrafo cian aqui, três palavras cobalto ali, um poema anil, um desabafo marinho.

A tela do computador de repente se encheu de cores. E o programa de desenho nem estava aberto.

Mas ela só encontrou o tom de azul que realmente desejava quando ele beijou sua nuca e tocou-lhe os seios delicadamente.

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