11.12.01

Boa tarde. Um sobre o medo:

Medo e derivados

Sei que és noiva do medo
e que ele te tomou de repente
numa noite brumosa;
sei que ao mesmo tempo o repeles
e o desejas como uma manta protetora
contra os desígnios do mundo;
às vezes nosso maior medo
é largar de vez todos os seus derivados
que se acumulam conforme os anos
entre um e outro neurônio.
Mas, eu te asseguro,
nada há como o alívio
de despir-se da indecisão
rasgar os lençóis da cama da consciência
e com eles fazer uma corda perimetral
direto para o coração.
Vem, eu sei o caminho -- não desprovido de dor --
mas antes a dor que os cristais de neve
antes a dor que a delícia do sono sussurrado
pelos demônios do que teria sido possível
que no fim nos embalam no limbo.

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