5.1.02

Deixem-me falar de Wal, minha companheira de 14 longos anos. Ela é o pilar que me sustenta, o porto aonde sempre vou ter, mesmo após as noites mais labirínticas de minha alma. Conhecemo-nos em 1986, no ambiente que mais gostamos de freqüentar até hoje: o bar. Eu vinha de um profundo abismo amoroso; ela não estava satisfeita com os namorados que tivera até então. Juntamo-nos e, acho que para surpresa de ambos, vivemos uma paixão tão repleta de erotismo e entrosamento que foi natural começarmos, do nada, a falar em selar uma união. Em um ano e meio, estávamos casados, e dois anos depois nasceu Jessica. Os sete primeiros anos foram de muita boêmia e diversão, noites e noites a fio jantando fora e jogando conversa no éter. Os sete seguintes foram mais difíceis, especialmente por questões financeiras que se estendem até hoje. Mas nós dois somos bons no essencial; os detalhes é que são um inferno, às vezes ;-). Assim, permanecemos firmes e fortes na tempestade. Pelo menos nesse meio tempo nasceu Rebeca, uma das crianças mais alto astral que conheço, e que, junto com a misteriosa Jessica, nos dá alento.
Wal não é uma pessoa easygoing. Sempre recusou o consolo fácil de palavras suaves mesmo quando estava em seus piores momentos. É absolutamente impossível obrigá-la a fazer qualquer coisa que não queira, por menor que seja. Mas a obstinação é compensada pelo carinho e pela imensa generosidade que traz consigo. E não sei se isso é um privilégio das aquarianas, mas para mim ela não mudou nadinha desde os idos de 86. Está linda como sempre foi. Isso me deixa desconcertado todos os dias...
Tem vezes que a gente fica se perguntando por que continua junto de uma pessoa por tanto tempo. Quer dizer, amor existe, mas qualquer um sabe que é preciso mais do que isso para uma boa dupla dar certo. Cada metade possui uma característica especial que lhe confere um fascínio duradouro. Confesso que não sei o que Wal vê em mim (na verdade, sou um sujeito bem mais difícil que ela), mas descobri seu segredo: ela é uma pessoa feliz por natureza. Um negócio raro, raríssimo (eu não sou assim, vocês que lêem este blog já devem ter percebido ;-)). Todo mundo fica procurando a felicidade em alguma coisa, quando ela é na verdade a perspectiva da qual você vê a vida. E o ângulo de Wal é o da simplicidade. Ave, amor!

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