16.7.02

Sem alma

Não posso sustentar o teu olhar sôfrego
porque hoje acordei sem alma.
Hoje sou apenas corpo e apetites
e nada sei do que te afliges.

Não posso responder ao que perguntas
porque estou despido de sentido.
Sou apenas um corpo celeste que obedece
e prossegue em sua trajetória irretocável
pelo silencioso Abismo.

Dirás, "mas estás triste!"
E nem mesmo poderei retrucar que não estou.
A melancolia não existe no Vácuo
Nem a alegria etílica das happy hours na adorável Lapa.
Só o que existe é ser, sem se saber, sem se perceber,
e voar nos seios frios (frios?) da eternidade.

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