4.6.02

O DESTINO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O DESEJO

CAPÍTULO XVI


-- Não me machuque -- gaguejou Jon.
Daniela tomou-o pelo braço e fê-lo sentar no sofá novamente, com delicadeza. Beijou-o na face e ele temporariamente se sentiu calmo e apaziguado. Sim, estava falando com uma mulher morta, disse-lhe Daniela, mas não havia porque sentir medo. Nenhum morto pode fazer mal a qualquer ser vivente, garantiu. Pediu-lhe que prestasse atenção, porque não havia muito tempo.
Jon estava entorpecido, mas ainda tinha pulgas suficientes atrás da orelha para perguntar como diabos ela viera parar ali, se havia mesmo passado desta para a melhor.
-- Bom, depois de todo o sofrimento com a peste eu acordei numa espécie de bosque de oliveiras. Ali estava sentado um sujeito que já fora forte, dava para notar, mas agora estava carcomido pela doença. Ele falou numa língua a princípio estranha, mas o curioso é que mentalmente eu sabia que aquilo era grego antigo e podia entendê-lo. E antes que ele me dissesse três frases, uma água desceu como uma flecha dos céus e bicou a ferida, a essa altura gangrenada, que ele tinha na altura do abdome. Então percebi que estava na Hélade e aquele era Prometeu.

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