13.6.02

O DESTINO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O DESEJO

CAPÍTULO XXVI


Um fogo queimava no fundo da caverna. Esta era estranhamente uniforme: não havia reentrâncias, saliências ou cavernas menores que os desviassem do caminho único, o qual levava a uma câmara enorme que era, efetivamente, o fim daquela formação rochosa.
Sentada a uma tosca mesa de madeira sem qualquer adorno, estava a criatura mais horrenda que Jon jamais vira. Pensou em todos os grandes monstros míticos -- a Hidra de Lerna, a Quimera, a Mantícora, o Basilisco, Cérbero... -- e constatou que o que contemplava aterrorizaria até mesmo alguém que só contasse com a visão periférica. Não demorou muito, começou a tremer convulsivamente. Nem mesmo um beijo de Daniela conseguiu acalmá-lo. Ficaram os dois parados diante daquela besta. Mas o que era aquilo? Um ser humanóide? Um animal? Um elemental?
-- Sou o Destino, Jon -- falou uma voz roufenha na mente do jornalista aterrorizado. -- E aviso desde já: você não pode ter Daniela. O Livre-Arbítrio de nada adianta; ele está morto há muito tempo e por isso está vagando nestas paragens.
E riu. A risada do Destino era pior que um milhão de facas penetrando seu corpo ao mesmo tempo.

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