19.6.02

O DESTINO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O DESEJO

CAPÍTULO XXX


Jon sentava-se agora a uma das extremidades de uma mesa ornada de castiçais. Todas as velas estavam acesas, bem como as dos candelabros que se sucediam no salão espelhado onde se encontrava. Vestia uma roupa renascentista, apropriada para o clima de outono perfumado que entrava pela janela escancarada. Levantou-se e foi até lá. Descobriu uma sacada que dava para o bosque mais perfeito que já vira. Era como uma pintura impressionista, e dele vinham os murmúrios suaves de um riacho que se não podia descortinar. Na verdade, não era possível vislumbrar o fim do próprio bosque, que se perdia na distância.
A calma do lugar era revigorante. Inspiradora. "Só falta música", pensou.
E acordes de flauta e alaúde ecoaram de uma das portas do salão. Logo entrou uma trupe de músicos que instou-o a sentar-se e fruir suas canções. Tocaram durante um bom tempo e Jon não sabia se tinham se passado horas ou dias. Ao cabo de uma ária que o comovera de modo especial, pensou: "Puxa. Eles não podem fazer melhor que isso. Que delícia. Só me falta boa comida e vinho."
Foi a deixa para os músicos saírem após uma vênia. Em seu lugar vieram copeiras, que lhe serviram o melhor bordeaux que já experimentara. Outros criados trouxeram faisão, foie-gras e frutas.
Novamente perdeu a noção do tempo enquanto restaurava suas forças. Tudo aquilo lhe parecia irreal. Mas era certamente um alívio depois do encontro com o Destino.
Por fim, pareceu despertar do torpor que o acometera desde que se deparara com o salão.
Onde estava Daniela?

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