10.6.02

O DESTINO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O DESEJO

CAPÍTULO XXIII


Não se levantaram imediatamente; a preguiça do amor tomou-os por alguns instantes. Por fim, ergueram-se e começaram a explorar o lugar. A noite estava quente, mas uma brisa fresca soprava entre os arbustos e eles passearam pelo labirinto, colhendo frutas aqui e ali para enganar a fome que de repente os tomou de assalto. Não demorou muito, chegaram a uma pequena fonte, diante da qual, sentado a uma mesa com tabuleiros de vários jogos diferentes -- de gamão a diplomacy -- e vestido com uma roupa que parecia reunir estilos de várias épocas, estava um estranho ser. Fumava um charuto, mas a seu lado havia maços de cigarros, cachimbos e cigarrilhas; cestas de frutas ombreavam-se com pratos de carne e peixe perto da fonte, enquanto ele saboreava um brigadeiro.
Mas o mais curioso era sua face. Tinha um olho azul e outro verde; meio bigode sob o nariz; metade do cabelo era cortado à escovinha, enquanto o outro lado escorria pelos seus ombros; e, se o tórax era bem desenhado, era difícil esconder a barriga que se lhe seguia.
Jon e Daniela pararam, observando a figura. Ele largou o brigadeiro por um cacho de uvas pouco antes de vê-los; quando finalmente os descobriu, não sabia se se levantava ou permanecia sentado. Por fim, ficou onde estava e os chamou para perto.
-- Esperava por vocês. Meio limbo já fala da beleza de nossa cara Daniela. Não admira que ela queira aproveitar este belo corpo por mais alguns anos -- sorriu. -- E você deve ser o Jon.
Jon assentiu.
-- Muito prazer. Eu sou o Livre-Arbítrio.

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