14.6.02

O DESTINO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O DESEJO

CAPÍTULO XXVII


O Destino tirou de algum lugar que não puderam precisar um livro enorme. Parecia a versão gigantesca de uma história infantil: quando se viravam as páginas, apareciam cenas em três dimensões que contavam sua própria história.
-- Aproximem-se -- disse, enquanto procurava a página certa. O cheiro de couro de pergaminho impregnou o ambiente. -- Deixem-me ver... Jon... Jon Lord... Oliveira.
Surgiu uma cena difusa na página virada pela criatura. Não dava para ver o que acontecia. Mas a um gesto tudo apareceu projetado numa das paredes da câmara.
E Jon sentiu engulhos de repente. A cena mostrava populações de cidades de todo o Brasil morrendo aos milhares de uma doença infecciosa. As pessoas tombavam nas ruas de um momento para o outro; era como na época da Peste Negra, no século XIV. Entretanto, aquilo era o futuro, constatou Jon.
-- Sim, eis o futuro. É exatamente o que você pensou: a volta da Peste Negra. Com grandes chances de virar pandemia.
Jon olhou uma das manchetes de jornal que apareciam na "película".
-- Mas... isso é daqui a sessenta anos! Com certeza já estaremos mortos até lá -- balbuciou, com muita dificuldade, pois seus dentes se entrechocavam.
O Destino olhou-o no fundo dos olhos, e seu olhar era implacável.
-- É claro. O responsável por isso será o filho de vocês. Ian Paice Oliveira. Um cientista brilhante, mas descuidado. Suas experiências com mutações e clonagem múltipla em microorganismos trarão a Peste Negra de volta em todo o seu esplendor.

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